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Mais do que nunca, as coisas simples da vida têm me envolvido


Mais do que nunca, as coisas simples da vida têm me envolvido. Abraçado talvez seja a palavra mais adequada. Abraços fortes, acolhedores, cheios das melhores memórias afetivas, táteis e olfativas.

Daquelas que fazem verter lágrimas de emoção e saudades, e também de tristeza, que são devidamente enxotadas, que a vida é curta e merece ser vivida. Então, sentir a brisa suave no rosto e poder contemplar o infinito azul do mar ou a casa cercada de muito verde é motivo para comemorar. Muito, o tempo todo.

Pois são desses pequenos momentos que construo uma vida também simples, desprovida de glamour, mas significativa, cercada das pessoas que importam, frequentando os lugares que valem a pena, na companhia de quem soma e agrega valor.

Confesso que tenho muita saudade da vida antes do frenesi das mídias sociais, especialmente do whatts app. Do tempo em que a saudade dos amigos queridos era minimizada por uma simples ligação telefônica, em que a voz era capaz de alegrar, confortar e renovar forças e esperanças. Compartilhar alegrias ouvindo a empostação de voz e percebendo a vibração em cada palavra.

Hoje temos emoticons, comunicação muitas vezes monossilábica e ligações nunca atendidas. O que é uma pena. Sei. Estou na contramão da história, em plena era do conhecimento e da informação. É assim mesmo. Novos tempos. Não é hora de nostalgias nem de preciosismo. A amizade sobreviverá.

Sim, sobreviverá. Tenho grandes amigos que raramente vejo, mas ao primeiro sussurro de socorro eles aparecem. São desde sempre e para sempre. Mas que saudades da presença física, dos longos papos, das gargalhadas inocentes por coisas bobas e dos olhares de cumplicidade e abraços apertados. Bons tempos que provavelmente estejam com data de validade vencida.

Então, se sumi das redes sociais, é porque não tenho nada interessante para falar ou mostrar. A vida segue o seu curso, na velocidade necessária e com as prioridades que talvez sejam desprezadas pela maioria dos que buscam um lugar no olimpo das mídias sociais.

O lugar que me interessa é o de paz e tranquilidade. Cercada das pessoas que amo. Da forma discreta que escolhi, por hora ou pela vida toda. Com o senso de observação mais aguçado do que nunca, que desse não abro mão. O olhar atento faz parte de mim. Ler as entrelinhas é um hábito adquirido nos 33 anos de profissão.

Mas o amor está no ar. Então, "Se tu me amas, ama-me baixinho/ Não o grites de cima dos telhados/ Deixa em paz os passarinhos/ Deixa em paz a mim! Se me queres, enfim,/ tem de ser bem devagarinho, Amada, que a vida é breve, e o amor mais breve ainda." A sublime simplicidade de Quintana. E viva a vida!

 


Anete Lacerda Jornalista

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