Alegria, Alegria - Jornal Fato
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Alegria, Alegria

Há quem diga que sou seca no trato com as pessoas


Há quem diga que sou seca no trato com as pessoas. Que poderia ser mais efusiva, fazer mais festa, ser mais simpática, enfim. Chego a ficar envergonhada. Sempre achei que fosse educada e agradável o suficiente para honrar os ensinamentos dos meus pais.

E tenho certeza que amo intensamente, embora, pelo jeito, não saiba externar afeto. Principalmente se isso envolver muito contato físico. De fato sou arredia. E reconheço também que não sei fazer piadas e gracejos. Certamente não estou na lista preferencial de convidados. A exceção é a família,

E sou seletiva, mas talvez a timidez excessiva justifique ou seja mera desculpa. Quem sabe a seletividade tenha me empurrado à discrição?

Mas se sou seca, como dizem inclusive minhas filhas, percebo que não sou a única entre os amigos que se diferencia pelo silêncio, que pode ser interpretado como indiferença. Nunca é. Mas não sei "chegar chegando", como muitos fazem naturalmente.

E talvez por essa falta de jeito, tem uma coisa que amo de paixão: pessoas divertidas, cuja presença num simples encontro casual é capaz de arrancar gostosas gargalhadas. A vontade seria congelar o tempo e eternizar aqueles momentos, que fazem bem à alma e ao coração. Ou carregar essa pessoinha a tiracolo, para garantir a dose de alegria diária.

E mesmo não autorizada, cito duas pessoas especialmente divertidas que atravessaram meu caminho nos últimos tempos. A distância de milhares de quilômetros e o contato apenas virtual não impede que o meu professor de Direito Constitucional Ricardo Macau e a Professora de Direito Administrativo Patrícia Carla me arranquem gargalhadas durante as aulas.

Normal ou anormal (com todo o respeito), o Macau consegue imprimir sua irreverência e alegria em cada encontro. Sem arrogância, sem máscaras e sem a pretensão de ser melhor que ninguém. Pelo menos é o que parece.

A Professora Patrícia me atrai pelo sotaque, já que fui criada entre pessoas de todo o nordeste brasileiro, mas também por sua competência didática e alegria contagiante. Esses dois me fazem rir boa parte das aulas.

Se destacam por esse diferencial no meio de tantos professores excelentes. O Professor de Português João Bolognese é o melhor que já tive na matéria. Chego à conclusão que pessoas competentes, íntegras, de princípios, mas pouco convencionais, daquelas que chegam a ser chamadas de loucas, me encantam.

Se viver é perigoso, que cada minuto seja intenso. Que não percamos tempo com desimportâncias. Então alegria, alegria.


Anete Lacerda Jornalista

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