Bolsonaro já morreu? - Jornal Fato
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Bolsonaro já morreu?

É de se enfatizar que o ex-presidente não está morto, mas suas ações despencaram no mercado eleitoral.


- Foto: Marcos Côrrea

O dia 8 de janeiro, que repercutirá para sempre na História do Brasil - e do mundo -, mostra, sem apologia ou intepretação eufemística, o que significou a direita bolsonariana. E, ao mesmo tempo, justifica a posição dos mais pudicos para explicar a razão pela qual se votou em Lula. Em verdade, o momento enfatizou - sem qualquer demérito -  o voto a favor democracia.  Claro que Lula é um grande líder, mas precisou dos votos de Simone Tebet, por exemplo. Ora, sempre se lidou com a direita no país como uma alternativa ideológica, um equilíbrio no direito de pensar.  Mas, para ser mais preciso com a história, invoco aqui o mestre Élio Gaspari.

Ensina ele que a direita sempre existiu aqui, mas a de Bolsonaro tem características próprias e inéditas. É uma direita com bases populares, mobilizável para atos de delinquência. Atos criminosos.  Por exemplo, George Washington de Oliveira Sousa, gerente de um posto de gasolina no Pará que está preso, 23 dos 1.500 presos de Brasília tinha antecedentes criminais. O George Washington bolsonarista planejava um Riocentro 2.0, explodindo um caminhão de combustível no pátio do Aeroporto de Brasília, sincronizado com um corte de energia. Esse é o braço terrorista dessa direita.

Quero crer que essa maioria bolsonarista, inclusive cachoeirenses que apontavam para o candidato, não concorda e, ao mesmo tempo, repudia essas   figuras especiais, como, por exemplo, Maria de Fátima Mendonça Jacinto Souza, a "Fátima de Tubarão" (SC), de 67 anos. Ela invadiu o Palácio do Planalto, pronunciado ao gritos que "Vamos para a guerra, é guerra agora. Vamos pegar o Xandão agora". Ou mesmo com o paraense Antônio Geovane Sousa de Sousa, de 23 anos, preso quando tentava acender um explosivo.  Por isso, acredito numa reconfiguração político-eleitoral.

Agora se fala num indulto para soltar todos que foram presos como decorrência dos atos praticados no dia 8 de janeiro.   Claro que não sou contra o indulto de Natal. Sou e sempre fui um humanista, que coloca os humanos como os principais numa escala de importância, no centro do mundo. É uma perspectiva comum a uma grande variedade de posturas éticas que atribuem a maior importância à dignidade, aspirações e capacidades humanas, particularmente a racionalidade Mas, no rigor dos direitos humanos, não se admite que, nem mesmo por ser advogado, indulto, por exemplo, para Fátima, que foi condenada a três anos e dez meses de prisão por tráfico de drogas e cumpre a pena em regime aberto. Geovane foi preso em 2018, acusado de ter matado um homem a facadas. É um foragido.

E mais. Indulto para Creusa Buss Melotto que, duas semanas antes do fim do governo, a senhora recebeu do Gabinete de Segurança Institucional uma autorização para a exploração de garimpo de ouro numa área de 9.800 hectares na Amazônia. Na década de 1990, ela cumpriu pena de seis anos de prisão por tráfico de drogas.

Dito isso, é de se enfatizar que Bolsonaro não está morto, mas suas ações despencaram no mercado eleitoral. A tropa que se valeu de seus 58 milhões se votos já pulou no barco ou se se refugiou no mais profundo silêncio de verão. Os políticos mais espertos, com os olhos voltados para a próxima eleição, estão revendo seus conceitos ideológicos e eleitorais. Há necessidade de estudos profundos já que a realidade cotidiana já mostrou uma mudanças radicais.


Wilson Marcio Depes Advogado Escritor e jornalista

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