Cultura do cancelamento - Jornal Fato
Artigos

Cultura do cancelamento

Sempre fui leal e clara nas minhas escolhas, prezo a minha liberdade e respeito a dos demais, contudo quando expus a minha opção fui atacada e desrespeitada


- Foto Reprodução Web

De muitas atrocidades que tenho assistido nos últimos anos, o fanatismo se destaca. Ele pode ser religioso, o que abrandou bastante com o ecumenismo. Pode ser esportivo, e por conta dele acontecem brigas ferozes entre torcidas contrárias, levando até a morte. Porém o fanatismo político atinge as raias da insanidade.

Sempre fui leal e clara nas minhas escolhas, prezo a minha liberdade e respeito a dos demais, contudo quando expus a minha opção fui atacada e desrespeitada. Tive que selecionar pessoas, não por questões políticas, mas pela intransigência, desrespeito e grosseria dos fanáticos. Não fiquei constrangida em trabalhar na campanha de Cachoeirense Ausente para um candidato de viés político contrário ao meu, por seu currículo e acima de mesquinharias de gente pobre de espírito. E por conta dessa decisão me afastei e perdi um espaço de luta de vida, em prol das mulheres mais vulneráveis e que sofrem violência. E daí constatei que o fanatismo não possui limites.

Após a eleição presidencial o ódio não amenizou o coração das pessoas.  Grupos organizados tentaram desarticular o show do cantor Lulu Santos em Vitória, convocando pessoas para boicotá-lo, o que felizmente não atingiu o objetivo pois o show foi um sucesso. Acompanho as postagens do cantor e sambista Diogo Nogueira, para mim o melhor da nova geração, e vejo consternada as críticas que o cantor recebe da turma de imbecis políticos que não respeitam a liberdade de escolha do artista, e o ofendem gratuitamente. Um show da cantora Marisa Monte foi cancelado por conta do mau tempo e novamente a turma imbecilizada postou as maiores aberrações, atribuindo castigo divino pela opção política da cantora, uma das maiores intérpretes da nossa música popular. E assim vão cancelando artistas, canais de TV, jornais, e após as eleições montaram até uma lista de empresários a serem boicotados em represália ao voto declarado. Do fanatismo à violência é um pulo!

Tão simples separar as coisas, quem não é candidato a nada, simplesmente possui o direito e a liberdade de escolha. Eu sigo o cantor Leonardo, aprecio suas músicas e principalmente o seu bom humor, e respeitei sua preferência política que não foi a minha. Para vencer a cultura do cancelamento que brota da ignorância, basta pautar a vida pela sensatez e discernimento.


Comentários