Eu e os animais - Jornal Fato
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Eu e os animais

Já declarei inúmeras vezes o meu amor pelos animais


Já declarei inúmeras vezes o meu amor pelos animais. Não de ficar agarrada alisando, aliás não aliso nem os humanos que amo. Mas um amor de cuidados e respeito. Minha preferência é por cães e pássaros, mas convivo harmoniosamente com todos. Não admito que os maltratem, e por solidariedade não como carne vermelha e se não tivesse, por questão de saúde, de ingerir proteína animal, já teria abolido qualquer carne da minha alimentação, como já fiz em um período da vida.

Mas existem animais que me causam ojeriza, medo e asco. Tenho pavor de aranha caranguejeira, elas me remetem a minha infância quando passava férias no casarão antigo da minha irmã. Não havia forro no telhado e à noite elas por lá transitavam, e de vez em quando uma escorregava. Eu dormia toda coberta com medo que caíssem na minha cama. Hoje, quando aparece alguma em casa, fico toda arrepiada e tensa e peço a alguém para matar. Ratos eu mando colocar veneno e armadilhas, seria também incapaz de matar, mas sou cúmplice e intermediária no assassinato. Tenho nojo deles, e como moro em morro com terrenos baldios, de vez em quando aparecem, e já me deram vários prejuízos como esburacaram um sofá durante o verão, roeram os fios da máquina de lavar e os fios das câmeras de segurança. Escorpião eu nunca vi, mas se aparecer eu peço para matarem. Cobras devem ficar na natureza, não sei distinguir as venenosas das demais, e para não cometer uma injustiça, prefiro deixa-las em paz.

Mas a minha aversão maior é com as baratas. Dedetizo minha casa duas vezes ao ano, já tive vontade de abandonar uma casa alugada, na praia, por estar infestada delas. Não consigo dormir se tiver uma rondando o quarto. As considero asquerosas, põem ovos que deixam as gavetas e armários fedorentos, e as voadoras me apavoram, pois não seguem plano de voo. Certa vez uma delas entrou no forro do sofá e eu fiquei tão desesperada que rasguei tudo até acabar com ela. Mato todas que encontro pela frente. Dia desses cheguei tarde de um jantar e deparei com uma que me aguardava, tentei pisoteá-la e ela fugia, peguei o chinelo e a exterminei numa pancada só. Ela caiu de barriga para cima, com as perninhas duras e eu comprovei o óbito. No dia seguinte procurei pelo corpo e havia desaparecido. Desconfiei que aquela barata fingiu-se de morta para me enganar. Pedi a faxineira para procura-la em todos os cantos e foi em vão. Conclui desolada que, um ser tão insignificante pode ser mais esperto do que nós.


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