Holambra e Cachoeiro, VIVA O LIONS - Jornal Fato
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Holambra e Cachoeiro, VIVA O LIONS


Outra vez e com muita admiração volto a falar de atividades que ocorrem anualmente em Cachoeiro, que se repetem há 15 anos. É a Feira de Holambra que, como todos sabem, ou deveriam saber, é uma cidade paulista bem menor do que Cachoeiro e que investe na cultura das flores - floricultura - com seus agricultores e empresas estendendo braços por todo o Brasil.

Talvez seja o maior município brasileiro nessa área produtivo-cultural-agrícola, digamos assim. Qualquer nome que tenha ou que inventemos é de Holambra e de sua gente que mais se fala no Brasil, quando se fala em flores.

E, nesses 15 anos, a comunidade paulista firmou compromisso com Cachoeiro, mais propriamente, firmou compromisso com o Lions Clube Cachoeiro, no sentido de comercializar suas belas flores e plantas por aqui, enquanto o Lions recolhe comissão sobre vendas que, neste ano renderam à cidade a impressionante quantidade de 60 cadeiras de rodas, sendo cinco especiais para obesos, mais 40 cadeiras de banho e mais 12 pares de muletas e andadores, não precisando dizer para que servem essas peças e qual o "lucro" que trazem para a Cachoeiro e para seus necessitados. Mas me permito informar que, nesses 15 anos, mais de 600 cadeiras de roda foram disponibilizadas a Cachoeiro, além de muitos outros materiais, aos quais, quantitativamente, não tive acesso - mas falo na próxima crônica sobre a Feira de Holambra em Cachoeiro, que já tem data marcada, entre 1º e 10 de agosto do ano que vem.

Mas o que me permito falar agora, é que a administração pública municipal, ainda que aqui e ali contribua para causas benemerentes, gasta muito mais com festas que rendem muito mais dinheiro para os que comerciam com o templo..., desculpa, quis dizer para os que comerciam com o Poder Municipal.

No ano passado gastaram, simplesmente, 300 mil reais por 30 dias de iluminação pública nas noites de dezembro de 2017 - Praça Jerônimo Monteiro. 10 mil reais por noite, retirados do cofre público.

Nunca vi ninguém ganhar tanto dinheiro assim, mas começo a ficar com medo de que no próximo Natal a quantia pule para uns 500 mil reais no mês.

Mas, independente dessas coisas bonitas e feias, está nos Diários Oficiais do Município, que ele pode gastar, com tendas e apetrechos de festas nem tão culturais, R$ 8.359.000,00, curiosamente o dobro orçado para a Secretaria Municipal do Município, no Orçamento deste ano, aprovado pela Câmara. Duvida? Confira os Diários Oficiais do município de Cachoeiro (06/09/2018, pág. 17 e 10/09/2018, pág. 14). Basta somar.

Ao fim e ao cabo, mais uma vez, pela 15ª vez, parabéns, Holambra e parabéns Lions Clube Cachoeiro, do qual me orgulho de lá ter tantos fraternos amigos e estimadas amigas.

(Que venha a Feira de Holambra de 2019 - 1º a 10 de agosto. Anote aí, chegaremos a 800 cadeiras de rodas, ou mais, gastando pouco).

 

1873: PROBIDO EDIFICAR À MARGEM DO RIO

Texto do Professor Manoel Gonçalves Maciel - "Sessão da Câmara de 6/2/1873 - Numa petição de Manoel Dias do Prado para edificar uma casa com frente na Rua Moreira para o rio, a Câmara resolveu indeferir este requerimento visto que tem adotado a providência de não deixar edificar casas do lado do rio, não só porque enfeia o arruamento das margens do rio como também tira a vista aos moradores cujas casas têm frente para este.

Passaram-se 119 anos dos velhos bons tempos em que a vista para o rio era preservada.

Se Cachoeiro, em seguida a essa resolução, tivesse sido governada por homens que adotassem também a ideia, teria crescido com extensas, arejadas e alegres avenidas beira-rios. Mas, se todos os governantes fossem inteligentes, não teríamos de quem falar". (MANOEL GONÇALVES MACIEL,"De volta ao Cachoeiro Antigo". Vol. 1, GRACAL, 2003, pag.102).

 

O Projeto Memória de Gilson Leão

Recebi de Gilson Leão a seguinte correspondência, que me apresso a publicar e a aderir: Abro aspas para Gilson:

- "O Projeto Memória é um filhote do antigo Projeto do Museu de Imagem e do Som de Cachoeiro. O Museu tinha intenções pouco ortodoxas, uma delas: que o acervo fosse contemporâneo; registrar artistas do momento, a geografia da cidade, locais mais populares, seus tipos, sua época enfim.

Os anos passaram rápido. O Museu, como todas as iniciativas culturais, naufragou por falta de apoio do poder público e de interesse da iniciativa privada. As ideias se modernizam, as atividades são dinâmicas, mas a memória permanece em busca de um tempo sem retorno, a não ser nas imagens captadas por abnegados que não desistem e continuam registrando seu tempo. O acervo do Museu completa 20 anos: mais de duzentas fitas de VHS, em risco de extinção. O fungo é mais implacável que a sensibilidade humana.

A administração municipal projeta, para este ano, a reabertura do Museu da Imagem e do Som. O projeto Memória disponibiliza ao Museu Municipal, já que o privado foi extinto por falta de quorum, seu acervo de 2000 LPs, 200 fitas de VHS, fotografias e recordações de como foi bom ter tentado.

Citar os participantes da iniciativa inicial é fácil, como é fácil esquecer alguns. Matheus Percisi, Jalber, Gladstone Rubim, Pedro Bassul, Vicente Thiengo,  Alexandre Moreira, Higner Mansur, Fernando Gomes, Célia Ferreira,  Toninho Miranda, Peninha, Marcus Jacob, Marcelo Penedo(representando o Banco do Brasil - único banco de Cachoeiro a promover cultura em toda a história da cidade ) são inesquecíveis.

Temos de nos referir aos donos de bares culturais; aos empresários que colaboravam tomando whisky nos eventos, dando margem para que os bares pudessem promover políticos em anos de eleição; a turma da cerveja que bebia de graça e esticava a noite no bar de Waldyr Pingão; os artistas; a mídia e os que acreditam em projetos malucos.

A ideia persiste. Convocamos mídia, intelectuais, faculdades, secretarias municipais, autarquias, políticos e a sociedade para o lançamento do Projeto Memória, que resgata este acervo e implanta a continuação do registro de nosso tempo.

Gostaríamos da participação de algum banco, mas como se sabe, eles são extremamente preocupados com a associação de suas marcas a projetos envolvendo cultura, atividade tida por eles como coisa de marginais e irresponsáveis, que maculariam seus nomes (como se não fossem diariamente maculados pela ânsia de lucro a qualquer preço. Ganância rima com ignorância).

Empresários, com muitos de seus problemas econômicos resolvidos, tornaram-se potências e aderiram ao projeto. Hoje o país respira estabilidade. O dinheiro jorra para as ONGs (palavrinha que se deteriorou). Nós, que não somos filhos de banqueiros, oferecemos a bandeira: 20 anos em favor da cultura.

Toda a lenga-lenga para o final eufórico: convidar os interessados a participarem dia 10 de abril, no Yazigi, do lançamento do Projeto Memória: 20 anos da captação de imagens. Gilson Leão" (fecho as aspas).

Embora eu, Higner Mansur, faça sérias restrições (a não ser em casos excepcionais) a doações de patrimônio cultural à administração pública, (qualquer uma, em qualquer tempo), acho que o trabalho de Gilson Leão deve ser incentivado: o material que captou nesses 20 anos, e eu ví só uma pequena parte, é algo de extraordinário e merece, mesmo, grande divulgação. (Crônica que publiquei em março de 2008 - quase nada progrediu nesses mais de 10 anos)


Higner Mansur Advogado, guardião da cultura cachoeirense e, atamente, vereador

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