Libardi se distancia da eleição em Cachoeiro - Jornal Fato
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Libardi se distancia da eleição em Cachoeiro

Ao aceitar assumir secretaria na Prefeitura de Vitória,se afasta fisicamente de Cachoeiro, mas ganha proximidade com o centro das decisões geopolíticas, que ficam na metrópole


Libardi e Pazolini, secretário e prefeito de Vitória, respectivamente

O advogado Diego Libardi (Republicanos) assumiu recentemente a Secretaria de Cidadania, Direitos Humanos e Trabalho na Prefeitura de Vitória. O arranjo partidário - o prefeito Lorenzo Pazolini é seu correligionário - pode ter lhe conferido alguma projeção política. Mas, os efeitos imediatos são mais sensíveis na conjuntura intrapartidária do que em sua qualificação no debate eleitoral em Cachoeiro de Itapemirim.

Libardi foi bem votado para prefeito. Bem votado para deputado federal. Mas acabou sem conseguir o primeiro mandato para fazer valer sua visão política. Aparentemente, ficou em posição desvantajosa após as eleições do ano passado em relação aos concorrentes até agora listados como pré-candidatos na vindoura disputa pela Prefeitura.

A ida para Vitória é uma tentativa de demonstrar prestígio político, capacidade administrativa e coesão partidária. É tudo isso, mas, ao mesmo tempo, o afasta da convivência com seu eleitorado potencial, que precisa ser ampliado para que tenha algum elemento a seu favor nas articulações visando o engendramento de alianças necessárias para uma candidatura competitiva.

O advogado vê caminhos obstruídos em Cachoeiro. Se identifica e autodeclara como à direita no espectro político, mas não tem neste segmento a mesma projeção que o vereador Júnior Corrêa (PL), campeão de votos no município para vereador em 2020, quando se elegeu, e em 2022, na disputa por uma vaga na Câmara Federal, na qual ficou como suplente.

Hoje Corrêa é a principal força de oposição ao Governo e trabalha para construir uma imagem mais comedida, que não lhe tire o prestígio na porção mais extremada do eleitorado, mas ainda permita que avance rumo aos mais moderados.

Libardi tenta se equilibrar neste campo. Mas, disputa espaço com o vereador e com outros dois políticos com os quais negocia uma aliança improvável - os deputados Allan Ferreira (Podemos) e Bruno Resende (União), com quem tem circulado. Ambos em situação mais confortável que a dele, pois além de mandatos, têm trânsito livre junto ao prefeito Victor Coelho e ao governador Renato Casagrande, correligionários no PSB.

Em outras palavras: Libardi não tem mandato que lhe permita agir diretamente em prol de políticas públicas e recursos para o município. Não tem apoiadores em condição de fazer isso por ele. E, agora, tem a distância que percorre até Vitória e pode afastá-lo da convivência mais próxima com os eleitores, sem trazer em troca nada de palpável para eles.

Fez errado ao assumir o cargo então? Não necessariamente. Ficar parado poderia ser pior. Precisava criar algum fato novo. E criou.

Aposta suas fichas na sinalização de que é importante para seu partido a ponto de a sigla investir esforços e recursos em uma nova disputa pela Prefeitura.

Momentaneamente, se afasta fisicamente das articulações eleitorais em Cachoeiro, mas ganha proximidade com o centro das decisões geopolíticas, que fica na metrópole.

A situação de Libardi está longe de ser favorável, mas entra agora num novo momento, cujos desdobramentos ficarão mais claros com o decorrer do tempo.


Wagner Santos Diretor e editor Jornalista

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