O fenômeno Barbie - Jornal Fato
Artigos

O fenômeno Barbie

Meu preconceito foi se dissipando após as opiniões de pessoas competentes, críticos de cinema, jornalistas, e principalmente com a divulgação da bilheteria


- Foto: Reprodução/Web

Relutei em assistir, não me agradou o marketing em torno do público vestindo rosa em homenagem a boneca, me remeteu à ideia de filme para divertir menininhas. E meu preconceito foi se dissipando após as opiniões de pessoas competentes, críticos de cinema, jornalistas, e principalmente com a divulgação dos dados numéricos da bilheteria dos filmes lançados no mesmo período. Barbie disputa com Missão Impossível que garante público cativo, e com Oppenheimer, que conta a história do físico que criou a bomba atômica, lançados com alto padrão de expectativa de público, e deslanchou deixando os demais num patamar muito abaixo, já ultrapassando US$ 1 bilhão de bilheteria, e Greta Gerwing, responsável pela direção do filme, se tornou a primeira cineasta mulher a ultrapassar tal marca.

O que faz a história de Barbie ser tão impactante? Penso que o filme revela exatamente a dor de ser vítima do patriarcado, situação comum a todas. Estamos vivendo uma revolução mundial protagonizada pelas mulheres, em que elas lutam por direitos iguais mundo afora, a libertação de muitas sugere às demais que todas são capazes. A Barbie adentra no escritório da diretoria da Mattel repleta de homens e pergunta: Cadê uma mulher? E afinal cadê as mulheres nos cargos de direção das empresas em geral? Nos cargos de administração pública?  Nas gerencias dos bancos? Cadê as mulheres nos púlpitos das igrejas? Quantas delas receberam o Nobel? Somos menos capazes? Nunca!

O início do filme apresenta crianças com suas bonecas antigas, sempre bebês que as meninas ninavam enquanto brincavam de casinha cozinhando, passando roupa, em atividades que o patriarcado impunha como tarefas tipicamente femininas. Então surge a Barbie, uma boneca com a qual as crianças brincavam apenas trocando suas roupas, e que não sugeria tarefas domésticas às suas proprietárias. A criadora da Barbie, uma mulher, intuiu que a boneca havia criado um estereótipo que não contemplava a diversidade feminina, e foram surgindo as Barbies pretas, asiáticas, gordas, deficientes, grávidas, além das profissionais, médicas, dentistas, professoras, entre outras.

O filme deixou a sensação de que muitas mulheres da minha geração ainda continuam brincando com as bonecas bebês do passado, e o desrespeito com as mulheres e a tentativa em diminuir a capacidade delas ainda é real. Daí o sucesso do filme Barbie, ele expõe a ferida causada pelo patriarcado, motivo pelo qual as religiões fundamentalistas proíbem suas fiéis de o assistirem. Vejo minhas netas protagonizando a revolução que o filme propõe.  

 


Comentários