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Conhecemos uma pessoa por anos e não sabemos sua história. Aconteceu com o amigo médico, obstetra, João Serafim


Conhecemos uma pessoa por anos e não sabemos sua história. Aconteceu com o amigo médico, obstetra, João Serafim. Ele é o presidente da Seccional Sul Capixaba do Conselho Regional de Medicina. Casado com a Mara, médica, também obstetra. Ela é filha do coração do reverendo Jader, um dos fundadores do Hospital Evangélico de Cachoeiro de Itapemirim. Era um evento Beneficente do Lions Clube Frade e a Freira. João me contou: Nasci em Vitória, nas proximidades do Parque Moscoso. Sou filho do velho Serafim, ele trabalhava na farmácia que ficava em frente ao Relógio da Praça Oito. Continuou: Estudei violão com o músico Mauricio de Oliveira e criei uma banda de rock quando adolescente. Além do João, Adir Meireles de Souza (Gatinha), do Mundo das Tintas, com seus oitenta anos de vida, contava suas peripécias em campo de futebol de Vitória, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Histórias registradas no livro: Gatinha - O inesquecível ponta-esquerda do Futebol Capixaba. Livro prefaciado pelo Prof. David Lóss e escrito pela jornalista Fernanda Barata. Também nasci em Vitória. No bairro Santo Antônio, Volta do Rabaioli. Eu e João formamos na Escola de Medicina da Santa Casa de Misericórdia de Vitória. No Parque Moscoso ficava minha primeira escola: Jardim de Infância. Meu pai tinha poucos recursos financeiros, mas com sabedoria me encaminhou para a alfabetização no Colégio Brasileiro - arredor do Palácio Anchieta. Aos seis anos de idade: lia e escrevia. Algo raro entre os meus amigos de infância. Meu pai seguia dizendo: Não tenho nenhum bem para te deixar, deixo os estudos. Mauricio de Oliveira, falecido em 2009, premiado mundo afora, um dos maiores violonista do país, já era uma referência para todos nós. No Colégio Americano, vários amigos eram seus alunos. Na calçada da Praia de Camburi, a estátua do Mauricio se destaca. Perguntaram ao Agualusa, escritor angolano, um dos mais conceituados da língua portuguesa, atualmente residindo na Ilha de Moçambique, o que achava sobre o número de farmácias e a música em cidades brasileiras. Pois, parece que, no Brasil, em cada esquina uma farmácia; em Buenos Aires, em cada rua, uma livraria. Disse: Mudei para Moçambique porque lá é uma ilha musical e poética. Lá, estamos criando farmácias literárias. Em vez de remédios em caixa e vidros, entregamos, junto à medicação, textos literários. Aliviam as dores do corpo e animam a alma. Pensei, pelo que João me contou, quando o velho Serafim manipulava os remédios, entregava, junto com a medicação, umas palavras de conforto. Não eram palavras escritas como as dos Moçambicanos, eram palavras recitadas.

Não tive oportunidade de estudar com o Prof. Mauricio. Em Santo Antônio, morro do Alagoano e Alto do Caratoira, o samba se sobressaía. Nunca aprendi a manusear um instrumento musical. Mas, dos ensaios da Escola de Samba Novo Império eu participava. Lembro bem do primeiro campeonato da nossa Escola, no samba enredo estava escrito: "Eu sou do Espírito Santo, com orgulho do que canto venho a essa passarela para sambar..." A música falava de Santa Tereza, orquídeas e colibris. De Cachoeiro não falava. Não precisava. Anos antes, Raul Sampaio, em "Meu pequeno Cachoeiro", hino oficial da nossa Cidade, eternizou nossa terra, entre as serras, e o flamboyant da primavera.

 

Sergio Damião Santana Moraes

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Sergio Damião Médico e cronista

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