Tudo por amor - Jornal Fato
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Tudo por amor


A luz do sol começava a desaparecer entre os rochedos e as montanhas, o entardecer trazia consigo um tempinho chuvoso, e a paisagem estava em constante mudança de acordo com as estradas que íamos seguindo. A rua esburacada fazia o ônibus, em que eu e muitas pessoas estavam, balançar em todas as direções, como uma canção de ninar.

Desliguei me do mundo, e por certo momento fui tomada por devaneios.

- Você está indo para a faculdade? - Repentinamente ouvi uma voz a frente, agora tomando a forma de uma mulher. A pele escura, o olhar concentrado e os dentes branquinhos olhavam me na espera de uma resposta.

- Sim, estou a caminho. - Respondi. -  E você? -  Perguntei, enquanto a mulher servia me de um sorriso atencioso. - É um sonho que tenho, iria começar este ano, mas não vai dar mais. Vou pagar pra minha filha, ela não conseguiu. - Aquela mulher procrastinaria seu sonho pelo de sua filha, que desapontamento -pensei e então, reparei, em vez de sua expressão mudar, ainda havia um sorriso espontâneo, feliz por fazer o que ela faria, por ela, pela filha.

Naquele momento, mesmo em meio ao silêncio que se formou entre nós, meus pensamentos não se aquietaram, um bolo de fascinação misturado a pena desceram arranhando em minha garganta e consciência, algo em mim estava sendo gerado: uma nova lição de vida.

Olhei ao redor, enquanto a escuridão invadia cada pequeno espaço do transporte e lembrei me da minha mãe, do tanto que fez e faz por mim, de todo amor demonstrado em palavras, sobretudo em atitudes.

E pensando em tudo o que fez e sempre faz por mim, passei a uma reflexão sobre o que é ser mãe. Ser mãe é ser uma heroína disfarçada de mulher faz tudo, é ser alguém que pensa, repensa e faz o necessário por um outro alguém que preenche seu coração.

É colocar o outro na frente de seu eu, e enfrentar a dor que não lhe apraz. É ser um ser de múltiplos gestos exercidos no saber do amor, que delas nascem; os filhos. Sendo de seu ventre ou de seu coração.

É ser afável, severa, preocupada, dengosa e acolhedora. É ser do jeito que nasceu pra ser, é ser mãe.

E diante de tantas coisas, cheguei a uma conclusão: há nelas uma pluralidade de definições que não se explica em palavras, e realmente não se define. Porém, se resume a uma: amor.

 


Dayane Hemerly Repórter Jornal Fato

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