Vacinas - Jornal Fato
Artigos

Vacinas

Não melhoramos de vida, e nem ganhamos tempo de vida, pelas técnicas modernas de anestesia ou cirurgias


Não melhoramos de vida, e nem ganhamos tempo de vida, pelas técnicas modernas de anestesia ou cirurgias. Muito menos pelos métodos diagnósticos de imagens perfeitas do nosso corpo - interno ou externo. Menos ainda pelos exames sorológicos. Vivemos mais, e com qualidade, porque prevenimos as doenças. Também, pelas condições de vida que melhoraram: saneamento básico com água e esgoto nas residências; horas adequadas para o trabalho e devido repouso com lazer; alimentação saudável (restrição do sal e açúcar); diminuição dos fatores de risco coronariano e tumorais (não fumar, controle de peso, gorduras sanguíneas e exercício físico regular). Isto é, vivemos mais, e com qualidade, coletivamente, por prevenir doenças, não por tratá-las. O serviço do Hospital, com sua bela hotelaria, ou sua excelência diagnóstica e terapêutica, é válida individualmente. Para a sociedade, para a população em geral, o que importa, e conta, é não adoecer. Entre o antibiótico que cura, ou pode curar, e a vacina que evita a doença, para a Saúde Pública, e coletiva, a vacina foi, e é, o grande avanço da medicina. Porém, infelizmente, para a população, no dia a dia, o antibiótico, o exame de imagem, vale mais que o cartão de vacinação do filho.

Na verdade, estamos negligenciando a vacinação: governo e população. O Programa Nacional de Imunização (PNI) brasileiro sempre foi um exemplo para o mundo. As vacinas existem, são recomendadas e estão disponíveis. Mas não vigiamos adequadamente as coberturas vacinais. Não alertamos o suficiente e deixamos de realizar as campanhas ou mudar estratégias para a cobertura correta. O governo não fez o seu papel. O brasileiro perdeu o medo por doenças que as novas gerações não conviveram. Doenças como: sarampo, poliomielite, difteria e coqueluche. Há uma ignorância sobre o passado. Escolas, pais, profissionais de saúde (médicos e enfermeiros) somos todos responsáveis para que se atinja essa cobertura vacinal. A volta do sarampo, considerada erradicada pela Organização Mundial de Saúde - OMS, em 2016, em nosso país, é o maior exemplo. Retornou porque baixamos a guarda, o vírus encontrou um número grande de pessoas desprotegidas pela falta de vacina. Quando atingimos a taxa de 95% das pessoas com cobertura vacinal, mesmo que o vírus apareça, ele nunca causará uma epidemia, no máximo um surto - algo controlável. Não existe doença do passado, existe doença controlada. Os micro-organismos causadores das doenças continuam a nos rondar, convivemos com eles, são chamados oportunistas, se diminuirmos a imunidade - defesa biológica ou vacinal, ele nos agridem e adoecemos.

Vacinar não é uma opção. Não é um direito. É uma obrigação da pessoa. A pessoa deve se vacinar e vacinar seus filhos. É uma atitude solidária com a sua comunidade (evitamos adoecer e não contaminamos os outros). Precisamos mudar nossa cultura. Além de vacinar, lembrar das outras ações solidárias como Doação de Sangue. No sul capixaba, vivemos em risco permanente devido às estradas ruins e número excessivo de motocicletas. Acidentes graves a todo o momento. O estoque de sangue, em nossos hospitais, sempre pequeno. Doar sangue é uma atitude solidária e inteligente. A qualquer momento um de nós, ou um familiar nosso, pode precisar.

 

Sergio Damião Santana Moraes

Visite meu Blog: blogazulix.blogspot.com.br

 


Sergio Damião Médico e cronista

Comentários