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Vamos esclarecer

Sou feminista e de vez em quando contestada, porque sou vaidosa, gosto de sentir-me bonita e bem cuidada


Sou feminista e de vez em quando contestada, porque sou vaidosa, gosto de sentir-me bonita e bem cuidada. Então vamos esclarecer, essa história que feministas não se depilam, não usam sutiã e não gostam de sexo é pura balela, para a grande maioria. Feminismo radical representado por fanáticas existe, mas é minoria. Fanatismo existe em todos os setores, principalmente os políticos e religiosos. As feministas lutam sim, por igualdade social, política e econômica e expõem princípios e ideias. Raras aquelas que expõem peitos!

Presido o Conselho dos Direitos da Mulher e nele não tratamos de políticas partidárias, e sim de políticas públicas de proteção à mulher que sofre violência,  discriminação e  assédio. Conseguimos, através do Conselho, viabilizar a transferência da Delegacia da Mulher para local com infra estrutura adequada para os atendimentos, principalmente para as idosas e deficientes; a participação nos tribunais de júri, nos julgamentos de crimes de feminicídio; damos suporte ao poder público para que represente as mulheres de periferia, através de palestras de conscientização e medidas protetivas e fiscalizamos e denunciamos qualquer ato de abuso e violência de gênero.

Sofremos a discriminação na carne, não me engajei por ser vítima de violência explícita, mas por ter sido desrespeitada desde a infância e pela situação de subserviência ao qual a mulher tem que se adequar.  Fui submetida a discriminação na minha família, nos ambientes que frequentei na juventude e com a família agregada após o casamento.  Quantas vezes vi o meu espírito de liderança ser sepultado, quando indicada para algum cargo de proeminência. Chegar onde cheguei foi através de muito esforço e até hoje, em certas ocasiões, ainda sou vítima de alguém que tenta me subestimar. E a minha história é a de uma mulher brasileira do sudeste, imaginem as do nordeste, do Oriente Médio e da África?

O feminismo não é de esquerda e nem de direita, é apartidário. Tenho orgulho em ser feminista e poder lutar com e pelas mulheres que, muitas nem se dão conta de que estão sendo subjugadas, como se a subserviência feminina fosse natural. Ser feminista é também ser feminina e humana acima de tudo, é defender a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, essa é a minha concepção de luta da qual muito me orgulho.


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