Violência gratuita - Jornal Fato
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Violência gratuita

Sou uma motorista tranquila, não corro, nunca corri, nunca levei multa por excesso de velocidade ou por ultrapassagem em local proibido


Sou uma motorista tranquila, não corro, nunca corri, nunca levei multa por excesso de velocidade ou por ultrapassagem em local proibido. Afinal, dirijo devagar por opção e segurança, minha e de quem carrego comigo.

Dirigia tranquilamente na minha lerdeza habitual quando uma moto em alta velocidade passa batendo no retrovisor direito do meu carro. Ouvi o barulho de peças do retrovisor caindo no asfalto e ainda assustada estaciono o carro para recolher do chão o que sobrara. O motoqueiro deu meia volta, parou do lado esquerdo do meu carro e desferiu vários socos destruindo o outro retrovisor. Olhou-me com ódio e saiu voando da mesma forma de quando abalroara meu carro. Não tive como anotar a placa da sua moto, não tive condições de nada, a violência fora tanta e tão gratuita que fiquei chocada, assustada e petrificada.

Peguei o que restou dos retrovisores e continuei o meu caminho, em estado de choque e tentando compreender como pessoas violentas como aquele motoqueiro conseguem passar num exame psicotécnico para tirar a habilitação. Pensei na família do cidadão, de como ele lida com esposa e filhos, pensei no risco que corremos a cada momento com cidadãos como aquele que estão soltos pelas ruas praticando violência, pensei na quantidade de gente que morre em brigas de trânsito, de torcida, de vizinhos por pequenas questões como um cão que late à noite, em assaltos para roubar ninharias. Pensei no exemplo que um cidadão daquele dá aos filhos.

Agradeci a Deus por ter tido o prejuízo de retrovisores e alguns amassados nas portas, afinal o ser desvairado que atacou o meu carro poderia ter desferido seu ódio diretamente contra mim. Naturalmente ele teve o facilitador de eu ser mulher e estar sozinha. O covarde em geral é sorrateiro e destila seu ódio ao mundo contra a primeira criatura indefesa que encontra pela frente. A minha única tristeza é que fui vítima de violência gratuita e não pude denunciar o agressor. Que deve estar por aí, correndo feito louco e atazanando a vida de muita gente.

Para mim ficou a certeza de que a violência anda solta, que ninguém está seguro e protegido contra a insanidade que grassa pelas ruas. Só nos protege o nosso bom senso e a certeza que minha sanidade não vai ser posta a prova por conta da insanidade alheia.

 


Dayane Hemerly Repórter Jornal Fato

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