A longa noite - Jornal Fato
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A longa noite


Os perdedores inconformados conseguem repetir em nosso país o que fizeram em 1964, dessa vez sem tanques, armas ou baionetas, golpeiam a democracia com o objetivo de impor sua agenda rejeitada nas últimas quatro eleições presidenciais.

 

Acreditam que podem transformar o maior país da América Latina em um republiqueta para satisfazerem a vontade dos seus patrões, os financiadores de suas campanhas, de suas vidas, de seus destinos e os inspiradores de seus sonhos. Mas, não adianta tentar voltar a roda da história, o máximo que conseguirão será atrasar um pouco seu curso e trazer grandes prejuízos aos brasileiros.

 

A presidente Dilma será afastada por um congresso com o maior número de bandidos em toda nossa história republicana. A Câmara tinha o Eduardo Cunha, o Senado tem o Renan, que já se aproximou do vice-presidente Michel Temer, com o intuito de indicar alguns afilhados ao governo provisório de 180 dias. Em troca, vai garantir o voto de 54 senadores, que acredita valer mais que os 54 milhões de brasileiros que foram as urnas e elegeram a presidente Dilma.

 

É dessa forma, que o governo cleptocrata interino pretende garantir o apoio das duas casas legislativas para atender aos interesses dos banqueiros, da FIESP, da CNI, da CNA e dos grandes grupos de comunicações com o objetivo de destruir os avanços que os trabalhadores, os estudantes, as domésticas e outras categorias conquistaram nos últimos treze anos.

 

Suas propostas e projetos não vão além de São Paulo, com as terceirizações, a revogação da CLT, o fim do PROUNI, do ENEN, do FIES e do bem-sucedido programa minha Casa, minha Vida. Ressuscitarão o programa de privatizações começando pelas Universidades Públicas, a CEF, os CORREIOS, a Petrobras e tudo que um dia pertenceu aos brasileiros será entregue aos grandes grupos e corporações estrangeiras.

 

E para impor sua vontade, o governo provisório do vice-presidente Temer terá que recorrer a força, pois somente dessa forma, conseguirá reprimir as manifestações dos movimentos sociais, dos trabalhadores, das mulheres e dos estudantes que rejeitam seu projeto denominado "uma ponte para o futuro", que na verdade será uma ponte para um longo período obscurantista do século XXI.

 

Estamos inaugurando o day after, isso mesmo, day after. E assim, já poderemos dizer good bye Mercosul!, Good bye BRICS! E então, welcome ALCA! Pois, o sonho de integração latino-americano, pelo menos até que os brasileiros se levantem, ficará paralisado e nossos embaixadores ficarão felizes em tirar os sapatos nos aeroportos norte-americano para entregarem nossa soberania.

 

No entanto, esse governo interino formado por uma gangue de plutocratas não deverá durar muito tempo, cairá logo. Esse golpe contra a democracia e a nossa Constituição não terá futuro, será apenas o incio de uma longa noite, que felizmente, não será eterna. Pois, eternas são as palavras do grande poeta e abolicionista Castro Alves, que assim profetizou:

 

"Toda noite - tem auroras,/Raios - toda escuridão.

 

Moços, creiamos, não tarda/A aurora da redenção".

 


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