Cachoeirense Ausente - Jornal Fato
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Cachoeirense Ausente


Desde que cheguei à cidade de Cachoeiro de Itapemirim, março de 1986, procurei conhecer sua história. Roberto Carlos era uma influência consolidada na infância (Vitória) e depois na vida adulta (São Paulo). Newton e Rubem Braga, referências literárias, fui assimilando aos poucos com a leitura da poesia e crônicas. Com os acordes do Hino Oficial da cidade, do Raul Sampaio, em "Meu pequeno Cachoeiro", o amor foi instantâneo. Mas, apesar de viver e gostar das histórias de Cachoeiro, a festa, bem como a escolha do Cachoeirense Ausente, até então, nunca me empolgou.

 

Este ano é diferente. Quem sabe a idade? Ou, os anos de convivência com os cachoeirenses? Talvez tenha sido isso, o motivo para assimilar as coisas da terra. Acho que o motivo é o José Eduardo Moreira (Zédu). Engenheiro, Professor Universitário, conhecedor como poucos, no Brasil, da área de energia, algo vital para o país. Filho do Dr. Edson Rebello Moreira, um dos primeiros pediatras da Santa Casa, nome do Centro de Estudos do hospital. Zédu é sobrinho do Sr. Adelson Rebello Moreira, fundador do Lar de Idosos. Isto é, uma família voltada para a saúde e cuidados - da criança aos idosos. Fui assim cativado.

 

Mais ainda quando conheci o Zédu. O encontro aconteceu na sexta-feira, 1º de abril, tradicional dia da mentira. Foi um encontro verdadeiro, a amizade se fez presente no Auditório da Unimed Sul Capixaba. Inicialmente, Moema fez uma lembrança do Juracy Magalhães - Jurinha (professor, político e cachoeirense dos mais respeitados e queridos). Em seguida, Fernando Neto, Jacó, Gastão, Gedião e Rubem Moreira apresentaram o palestrante e amigo. Ele falou para um Auditório lotado de familiares, amigos de infância e interessados em seus conhecimentos na área de energia. Falou por cerca de uma hora sobre a Energia Renovável, Eólica e Solar: Interações socioambientais; desenvolvimento regional e sustentabilidade. No final, além do esclarecimento de dúvidas sobre o tema. Álvaro Abreu, engenheiro cachoeirense, residente em Vitória, nascido na Casa dos Braga, sobrinho do Newton e Rubem Braga e filho de Bolívar de Abreu - nome do Centro de Saúde e o primeiro médico sanitarista de Cachoeiro, pediu que alguém comentasse a infância e adolescência do Zédu. Levantou-se um Senhor, com toda simplicidade, mas muita emoção, após anos sem encontrar o amigo, contou-nos da felicidade em rever o Zédu. Falou dos campos de pelada e outras brincadeiras. Eu, sem saber de quem se tratava, perguntei ao Fernando Neto, ele disse: "É Tinteiro. Grande jogador e craque do passado. Jogou e fez história no Clube de Regatas do Flamengo. Saiu de Cachoeiro com o apelido de Pelé, pela forma física e estilo de jogo, no Rio de Janeiro, eternizou-se no Mais Querido do Brasil, como Tinteiro".

 

Logo depois, e noite adentro, ouvi novas histórias. Fiquei com a impressão que, se Gabriel Garcia Márquez - Gabo, em vez da Colômbia (Aracataca), tivesse nascido em Cachoeiro de Itapemirim, Macondo, sua cidade imaginária e mágica, de Cem Anos de Solidão, teria o nome de uma das fazendas entre Cachoeiro e Marataízes. Acho também, Newton Braga, presente à recepção ao Zédu, estaria feliz. Pois, o encontro do Cachoeirense Ausente com sua cidade, por ele idealizado, naquela noite, se fez plenamente.


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