Crônicas de uma viagem - Jornal Fato
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Crônicas de uma viagem


Viajar é uma das boas coisas da vida. Sempre guardamos boas lembranças. Em uma viagem encontramos lugares bonitos. Modificamos pensamentos e idéias. Renovamos conhecimentos. Evoluímos culturalmente. As "bobagens" ditas e feitas ficam por conta do idioma. Tudo se resolve. Algumas vezes nos decepcionamos, em outras, pagamos "micos". Coisas de turistas. Outro momento acontece o inusitado. No final acabamos rindo das situações criadas e vividas.

 

Em uma das primeiras viagens ao exterior, sul da Itália, próximo à Sorrento, Costa malfitana, com um grupo de brasileiros sentados à mesa, aguardava o jantar, era uma excursão da América Latina. Um casal e o filho foram incluídos à mesa, tratava-se de um casal e filho cubanos, o rapaz era um verdadeiro "brutamontes". Falavam rápido, um espanhol de difícil entendimento. Encontrava-me próximo aos cubanos, para agradar, elevei minha "taça com vinho" e disse: Viva Fidel! Nos dias atuais não faria isso, a ilha do Caribe que Fidel Castro e um grupo de jovens sonhadores libertaram da ditadura de Fulgêncio Batista transformou-se em um país com alguns avanços sociais, mas sem o principal, a democracia e liberdade política. Porém, naquela ocasião, saudei Fidel. Um duplo erro. Errei por saudar o ditador de Cuba e errei por não perceber que os cubanos que ali estavam residiam em Miami. Eram exilados de Cuba e com ódio mortal do Fidel. A reação foi imediata e intensa. Falavam mais rápido ainda e ao mesmo tempo. Uma língua incompreensível. Eu só conseguia entender os gestos. Algo como nadar. Entendi que escaparam de Cuba por barco ou nadando. As várias intervenções acalmaram os nossos "hermanos", passei o restante da viagem e da excursão com o "pé atrás" com os caribenhos. Por pouco não aconteceu um conflito internacional protagonizado por uma "saudação" desproposital. No final, ficou como coisa de turista brasileiro e inadvertido. Uma brincadeira de brasileiro.

 

Aprendi a ser comedido desde então. Mas, muitas vezes, os constrangimentos são inevitáveis, mesmo com um mínimo de palavra. Desde a quase tragédia italiana, procuro ter cuidado com os outros turistas, mais ainda com o povo local. Evito conversar. Uma maneira de me proteger. Mas... Estava em Nova York. As avenidas e ruas são ótimas para se caminhar e conhecer a cidade. Seus luminosos não parecem poluição visual e sim, uma marca de Manhatan. Caminha-se e se descansa em suas ruas e avenidas. Em um desses locais públicos para se relaxar, em frente a Macy's, uma grande loja de departamento americana, sentei-me em uma mesa, ocupei as duas cadeiras em volta com os pacotes e, observava os prédios, movimentos dos carros e das pessoas. Era o horário do lanche matinal, o almoço americano (hot dog). Aproximou-se uma americana, falava rápido, com um hot dog em mãos, acho que desejava sentar-se em uma das minhas cadeiras. Eu disse: No! Ela: No? Eu: No! Insistiu: No? Eu: No! Ela desistiu, para o meu alivio. Evitei um conflito diplomático com uma simples palavra em inglês.

 

Sergio Damião Santana Moraes

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