Geração Baby Boomer - Jornal Fato
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Geração Baby Boomer


Detesto ser jogada de um lado para o outro, feito peteca, quando preciso resolver problemas pelos SAC's das empresas.

 

Quando ouço "Eu sou o Eduardo, o seu atendente virtual" dá vontade de xingar, em alto e bom tom, um daqueles palavrões horrorosos. Mas quase educada que sou, xingo mentalmente, que ninguém é de ferro.

 

E a história do atendente virtual me irrita de uma forma, que se pudesse baixaria um decreto proibindo tal prática. Talvez as Gerações Y e Z lidem bem com isso. Mas exigir que uma representante da Geração Baby Boomer transite com desenvoltura num ambiente em que se é jogado de um lado para o outro, muitas vezes sem ter opção que leve à solução do problema, é desesperador.

 

Principalmente porque raramente se chega a uma atendente real. E os números que devem ser digitados apresentam erros de configuração, ou qualquer outro nome, que não sei bem definir. Você digita tudo certo e a cantiga de grilo continua. "Digite seu CPF, ou seu telefone, ou o número do pedido". Depois da décima tentativa, aquela voz horrorosa agradece o seu contato e derruba a ligação. 

 

Seu problema não foi solucionado e você não sabe a quem recorrer. Só se for ao papa, porque do resto, é sentar e chorar. É por isso que gosto do atendimento que permite o olho no olho e a argumentação. Em que você apresenta as provas e as coisas se resolvem mais rápido.

 

Abaixo os atendimentos cada vez mais ineficientes de telemarketing e suporte virtual. Como na vida, gosto do relacionamento que faz as coisas andarem no ritmo, não das que empacam, irritam e causam frustração pela falta de soluções.

 

Também prefiro ligar a ficar conversando pelo whatsapp, mas parece que estou na contramão dos novos tempos, por que meus amigos tão Baby Boomer quanto eu transitam muito a vontade nas plataformas virtuais. Tiram de letra. Talvez eu seja, por opção, uma pessoa que parou no tempo e prefira relações reais a virtuais. Principalmente porque o contato na vida cotidiana nos faz conhecer, de verdade, com quem estamos lidando.

 

O virtual pode ser enganoso e incentivar o uso de belas máscaras venezianas, que encantam pelas cores e formas. Mas que não se sustentam fora desse ambiente de faz-de-conta.

 

O ano de 2018 é tempo de pé no chão. De relacionamentos firmados em convivência cotidiana e muito respeito. Sei que corro o sério risco de não conseguir reunir amigos que preencham dedos dos pés e das mãos. Mas virtual em 2018 só mesmo o que for inevitável. Que a vida é bela e merece ser intensamente vivida.

 

Ao vivo, em cores, em tempo real e com trocas de olhares e silêncios que falem mais que mil palavras. 

 


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