Lembrando Pedrinho - Jornal Fato
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Lembrando Pedrinho


Evito tratar de temas pessoais nos artigos que publico. Entretanto, há momentos em que o coração vence a razão.

 

No dia sete de abril passado, se vivo fosse, Pedro Estellita Herkenhoff estaria aniversariando.

 

Sua data natalícia era sempre comemorada com muita alegria, pois Pedrinho (como era carinhosamente chamado) tinha um grande carisma e era amado por todos que o conheciam.

 

Pedro foi convidado pelo Governador Lacerda de Aguiar para exercer o cargo de Secretário de Educação. Todas as secretarias foram distribuídas a partidos políticos, mas o Governador Chiquinho ressalvou que para a Secretaria de Estado, que ia cuidar da educação do povo, não queria um político, mas sim um educador.

 

Pedro faleceu num acidente de carro, na véspera da posse. Foi uma comoção geral em todo o Estado do Espírito Santo. Até os adversários do Governador elogiaram a sabedoria da escolha e lamentaram a morte daquela figura venerada pela alma capixaba.

 

Cachoeiro de Itapemirim, sua terra natal, fez Justiça a sua memória. Deu seu nome a uma escola. Que maior homenagem pode ser prestada a um professor?

 

Hoje em dia vivemos numa sociedade utilitária e mercantilista. Neste tipo de sociedade celebra-se o presente, quando o presente dá lucro, mente e engana. Olvida-se o passado, especialmente o passado que acresce sabedoria e politiza a consciência coletiva.

 

A glória é conferida a pessoas que nada acrescentam de realmente útil ao aprimoramento das pessoas.

 

O episódio bíblico que fala dos ídolos de barro é muitíssimo atual.

 

Quanto mais uma celebridade entorpece a consciência, mais destaque é dado àquela celebridade, fabricada com apurada técnica pelos enganadores. Os ídolos de barro são sofisticados, sorridentes, simpáticos, sempre vitoriosos, ricos, possuidores de todos os atributos que podem ludibriar.

 

É preciso que os pais estejam atentos na educação dos filhos. Evitem que estes, ainda inexperientes, sejam seduzidos pela quimera, hoje muito envolvente, pois colorida, com fundo musical, oferecendo a maçã e o paraíso.

 

A vida de Pedrinho é oposto à mensagem contida na celebração dos ídolos de barro. Pedro não cultuou o poder mas, pelo contrário, só por um dever cívico aceitou ser Secretário. Amou a modéstia e foi assídua presença na casa dos pobres, como membro atuante da Pastoral Operária.

 

Memória é cidadania. Um povo, que não conhece o passado, não saberá construir o futuro.

 

João Baptista Herkenhoff é Juiz de Direito aposentado e escritor. E-mail: [email protected]


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