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Rosa Montero, articulista do jornal espanhol "El País", escreve História de Mulheres. Um livro com uma capa bonita, um bom papel, um bom preço. Lançado pelo Pocket/ouro, um selo da Agir Editora, encontrado em bancas de revistas e jornaleiros da nossa cidade.

 

Trata-se de uma série de biografias de mulheres interessantes da história da humanidade. A biografia não é um gênero literário admirado pelos acadêmicos, mas seu modo de escrever e contar a vida dessas mulheres é cativante. A sedução aconteceu com a leitura de outro livro, "Paixões", em que ela descreve os amores avassaladores que transformaram e incendiaram o nosso mundo desde os tempos remotos.

 

Em História de Mulheres descreve a busca apaixonante pela liberdade. A busca pela vida. A luta pelo direito de exercer uma profissão, ser aceita em uma Academia de Arte, a busca pelo respeito de ser e mostrar a inteligência feminina. Não apenas a beleza e encantamento físico. O direito a sexualidade. Mulheres como Agatha Christie, Simone de Beauvoir, Frida Khalo, Camille Claudel, As irmãs Bronte.

 

Frida é a história que mais me sensibiliza. Em "Admirável Mundo Médico" (A arte na história da medicina) foi o meu primeiro contato com essa artista mexicana. O médico anatomista brasiliense, Armando Bezerra, viaja por vários museus do mundo e do seu passeio registra as pinturas relacionadas à medicina e as seleciona para esse livro editado pelo Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal. Por duas vezes esteve no Centro de Estudos da Santa Casa de Cachoeiro. Desde então, Frida Khalo se destaca, esposa do muralista Diego Rivera, certa época foi acusada da morte do revolucionário Trotski, algo comandado pelos stalinistas russos. Sua obra foi marcada pelo precário estado de saúde. Aos seis anos poliomielite. Aos 18 anos acidente automobilístico e fratura de vértebras. O acidente a frustrou no desejo da maternidade. Suas pinturas não perderam a suavidade apesar da dor física e dependência frequente do leito (A cama). Camille Claudel também nos sensibiliza pelo sofrimento em vida. Foi isolada em hospital psiquiátrico ainda jovem e ali morreu solitária e abandonada pela família e pelo amante Auguste Rodin. Nem mesmo seu talento artístico foi reconhecido.

 

Pelo menos em seu livro anterior, "Paixões", sofriam os dois: o homem e a mulher. Mais humano e solidário. Como se falasse: o amor feliz não tem história. A paixão é levada pelos sonhos e parece exigir sua frustração, a impossibilidade de realização. E assim foi com Modigliani e Jeanne; Leon e Sônia Tolstoi; Marco Antônio e Cleópatra; Tristão e Isolda; Romeu e Julieta e os devaneios românticos de Emma Bovary e Anna Karenina.

 

Os sofrimentos dessas mulheres descritas serviram para que as atuais despertassem para o direito aos sapatos, óculos, bolsas coloridas e o ir e vir do Shopping Center. Despertassem para essas coisas boas da vida, assim como, o direito à educação, profissionalismo, sexualidade, independência e a alegria de viver.

 

Sergio Damião Santana Moraes


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