Políticos x Lava Jato - Jornal Fato
Colunistas

Políticos x Lava Jato


Na manhã de segunda-feira da semana passada (28/11/2016), o Brasil acordou com uma notícia triste sendo veiculada por todas TVs e rádios do Brasil. Um avião caiu matando 71 pessoas, dentre as vítimas, um time inteiro de futebol e jornalistas esportivos. A cidade de Chapecó, em Santa Catarina, com toda certeza era quem mais chorava, apesar da comoção ter ganhado o mundo.

 

Enquanto isso, na Câmara dos Deputados, onde um projeto de combate à corrupção esperava a vez de ser votado ("Dez Medidas de Combate a Corrupção"), projeto esse que coloca muitos dos nobres deputados federais nas mãos da Justiça, foi tirado às pressas da gaveta para, na madrugada do dia 30, enquanto o Brasil e o mundo ainda choravam a morte do time da Chapecoense, ser modificado de forma que aliviasse os corruptos - muitos, daquela própria casa - e colocasse contra a parede a Justiça e o Ministério Público.

 

A reação foi imediata. Justiça, Ministério Público e sociedade em geral não engoliram a manobra, na calada da noite, para amordaçar aqueles que têm o dever de punir os corruptos. Renan Canalheiros, presidente do Senado, e Rodrigo Máfia, presidente da Câmara dos Deputados, imediatamente se tornaram alvos de protestos, xingamentos, e o deputado autor da mudança que inclui crime de responsabilidade aos magistrados foi agredido em um aeroporto - deveria ter tomado uma coça.

 

Inclusive, há que se registrar, 4 deputados federais da bancada capixaba votaram a favor das mudanças malandras no projeto de combate a corrupção e da punição a magistrados. São eles: Sérgio Vidigal (PDT), Jorge Silva (PHS), Givaldo Vieira (PT) e Helder Salomão (PT). É bom que a população capixaba não esqueça esses nomezinhos aí, afinal, daqui a pouco eles estarão em nossas portas pedindo voto. E com toda certeza, o cidadão de bem do Estado do Espírito Santo vai bater a porta na cara deles - para o bem da democracia.

 

Mas, voltando para a grande artimanha política, não é que os (des)representantes do povo usaram a comoção nacional, devido ao trágico acidente que matou os jogadores da Chapecoense, para tentar atingir a operação Lava Jato e os juízes em geral na calada da noite. O tal do político não perde oportunidade. Além de modificar as "Dez Propostas de Combate a Corrupção" a seu bel-prazer, os (des)representantes do povo no Congresso ainda tentaram mais uma. O acidente com o time da Chapecoense foi na madrugada de segunda-feira. Na quarta-feira, todos os corpos já estavam identificados e liberados para serem trazidos para o Brasil. 3 aviões da nossa Força Aérea já estavam disponíveis para buscar os corpos.

 

Mas, espera lá. No domingo, dia 04 de dezembro, não haveria manifestação contra a atitude bandida, sorrateira, da votação que ocorreu na Câmara dos Deputados e a favor da Lava a Jato?, então, por que não tentar esvaziar o movimento, devem ter pensado os interessados em acabar com a operação Lava Jato. Mais um tiro no pé. Nunca na história deste país os políticos foram tão vigiados e cobrados como estão sendo agora.

 

As redes sociais foram inundadas de ataques aos "traidores da Pátria". A operação Lava a Jato ameaçou parar os trabalhos se essas medidas forem aprovadas com as mudanças que aliviam a barra dos corruptos e deixam os juízes de mãos atadas. Mas a resposta do povo nas manifestações do último domingo (04/12/2016) com toda certeza vai fazer esses deputadecos e senadorecos inimigos do povo pensar melhor.

 

Afinal, a Lava a Jato representa os anseios da sociedade. E os políticos, com raríssimas exceções, representam seus próprios interesses. Nós, brasileiros de bem, somos todos Lava a Jato. Somos todos Sérgio Moro.

 

Comentários