?Meu papel é prestar serviço de qualidade aos que mais precisam? - Jornal Fato
Entrevista

?Meu papel é prestar serviço de qualidade aos que mais precisam?

Na primeira parte de entrevista, prefeito de Cachoeiro, Carlos Casteglione, fala de mobilidade urbana e projeta as realizações que alcançará antes de encerrar seu mandato, em dezembro de 2016


Em dezembro de 2016 Cachoeiro de Itapemirim será cidade com transporte coletivo moderno, em que o deslocamento da frota poderá se acompanhado em tempo real, na tela do celular, por qualquer usuário.

O serviço terá qualidade superior, com ônibus seletivos - com ar condicionado -, e expressos - para passageiros mais apressados -, além dos carros convencionais.

Tudo a preço justo, com possibilidade de integração, com o pagamento de apenas uma passagem para se chegar ao destino desejado, mesmo que para isso seja necessário embarcar em mais de um coletivo.

A mobilidade urbana vai contar ainda com outras intervenções importantes. Dentre elas, a construção de um viaduto e duas passarelas na Avenida Jones dos Santos Neves e a implantação de novo sistema de estacionamento Rotativo, em que os créditos poderão ser adquiridos por celular. Intervenções na Avenida Beira Rio e no bairro Novo Parque.

Parece propaganda política, mas é o que promete entregar o prefeito de Cachoeiro, Carlos Casteglione (PT), até o final de seu mandato.

A entrevista foi concedida na manhã da última sexta-feira, em seu gabinete, na Prefeitura. O objetivo foi fazer uma projeção da cidade que será entregue a seu sucessor, daqui a 18 meses.

A conversa será publicada em três partes. A primeira sai hoje, sobre mobilidade urbana, e as outras duas, amanhã e depois, com temas como educação, saúde, obras, finanças e economia.

Leia e anote para conferir depois quanto do que o prefeito diz será cumprido.


 

FATO - Como imagina evoluir quanto à mobilidade urbana?

Carlos Casteglione - No início deste segundo mandato, apresentei plano de mobilidade urbana. O foco foi exatamente o transporte e trânsito. Nas vias, além do já realizado no final do primeiro mandato - como a intervenção na Jerônimo Monteiro, a rotatória da Unimed, depois a Pinheiro Júnior e a Samuel Levy -, fizemos mais recente, a rotatória da Ilha (da Luz). Criamos novas vagas para estacionamento no centro, que passaram de em torno de 300 para mais de 500.

 

Apesar das vagas criadas, estacionar no centro de Cachoeiro ainda é difícil.

Pretendo instalar um novo sistema de rotativo. Vou licitar um sistema moderno, que não é esse nosso, nem o de parquímetro. Será uma tecnologia digital, em que o crédito de rotativo poderá ser comprado pelo celular. Faremos até o final do mandato.  Várias cidades do Brasil já estão utilizando. Conheci essa tecnologia na reunião da FNP (Frente Nacional de Prefeitos).

 

O Hospital Infantil não vai mais gerir o rotativo?

Vai mudar o modelo. A arrecadação será da Prefeitura, mas a lei que regulamentará, vai permitir que um percentual do que for arrecadado poderá ser repassado a instituições sociais. A ideia não é retirar essa fonte do (Hospital) Infantil. O objetivo não é financeiro. É organizar.

 

A fiscalização será concedida?

O sistema de fiscalização deve ser concedido. É uma mudança que estamos verificando. Está no plano de governo e a gente quer ajustar. Seria essa a última ação em termos de organização de trânsito da região central.

 

"São intervenções de ajuste, que temos que fazer sempre. O trânsito é isso. A gente observa a cidade e vai atuando"

 

E nos bairros, o que falta ser feito?

A gente recentemente deu outro passo importante organizando o trânsito na Rua Ozires de Almeida Freitas, na Vila Rica, nas proximidades do campo do Santo Agostinho. Agora, no próximo mês, vamos intervir na Avenida Carly Levy Ramos, no Novo Parque. O projeto está pronto. Vamos executar com sinalização de novos pontos de ônibus e definição de locais de estacionamento, para organizar o trânsito daquele local.

São intervenções de ajuste, que temos que fazer sempre. Recentemente fizemos um muito simples, com a criação de vagas para estacionamento rápido, no Centro, uma novidade muito positiva. O trânsito é isso. A gente observa a cidade e vai atuando.

 

Mas há ainda questões relacionadas a obras. Como estão?

A gente tem expectativa de retomada da duplicação da Jones dos Santos Neves. É uma ação importante. O projeto está pronto, a obra está licitada, tem empresa ganhadora, mas falta dotação orçamentária, já que não foi empenhada no governo (do Estado) passado.

 

Então, a passarela do Caiçara também vai ter de aguardar?

A passarela, nós vamos entregar. Já ajustamos recentemente com a Caixa, no sentido de deslocá-la. Vai ficar próximo ao Perim Center, em outro espaço da avenida. A duplicação só vai até a entrada do São Lucas e o ponto onde instalaremos a passarela não depende da duplicação. Mas a definição foi por conta do fluxo de pessoas. No local, onde antes seria a passarela, vamos fazer um viaduto, na saída do bairro Caiçara, naquele alto onde hoje está em construção o conjunto habitacional Flamboyant. Será um viaduto, com tecnologia pré-moldada. Será a solução viária para aquela região, que vai desafogar tanto a rotatória do "Bolo de Noiva", como a rotatória da entrada do IBC. Faremos com recursos próprios e entregaremos dentro desses 18 meses que me restam de mandato. Também haverá passarela anexa. Ainda vou contratar empresa de projeto para levantar os custos.

 

E para a revitalização da Beira Rio, o que está previsto?

Temos recursos definidos aqui. Vou publicar - provavelmente nesta semana - o edital para contratar a empresa para fazer o projeto e, logicamente, elaborar os custos. Tenho de R$ 5 a 7 milhões reservados para a obra, previsto no orçamento de 2015 e que vou executar. O projeto abrange da Rádio Cachoeiro até a Churrascaria Rio Grande, tentando chegar à ponte da Ilha. Vou executá-lo em duas etapas. A primeira será o trecho mais usado para a prática de caminhadas, que é da ponte de pedestres à churrascaria.  Essa primeira etapa, tenho a previsão de iniciar a obra já neste ano. Em 2016, vou partir para a segunda etapa.

 

Que tipo de intervenções serão feitas?

Onde for possível vou fazer balanço, mão francesa - como já foi feito em alguns trechos-, trocar as pastilhas, urbanizar, melhorar a iluminação, fazer ajustes de estacionamento. Vamos revitalizar mesmo. A concepção já está pronta. É fazer um novo projeto que facilite a prática de caminhadas e garanta ciclovias, em pista compartilhada.  Vamos trocar o piso. Nada de pedra portuguesa.

 

E a segunda etapa do contorno de Cachoeiro, sai durante o seu mandato?

Há recurso no DNIT nacional para a obra e o compromisso de licitá-la ainda neste ano. Tenho expectativa positiva sobre ela. Ela não será finalizada em 18 meses, mas vai começar neste período. A rodovia e inclusive a ponte - a ser construída sobre o Rio Itapemirim, no bairro União.

 

E o Contorno de Itaoca. Sai?

Já fiz três conversas oficiais com o governador neste tempo e tenho sempre tratado desses assuntos de ordem direta do DER aqui. Santos Neves, Gironda x Itaoca - já retomada -, e o projeto da estrada do Caramba, que é outra solução importante. Na Coutinho x Cachoeiro, o governo está finalizando as desapropriações para retomar, mas só depois de todas as pendências resolvidas, para recomeçar e terminar, sem novas paralisações. Não há problemas com recursos, há dinheiro de financiamento do BID. Itaoca é a mesma coisa. O governador pediu para rever tudo, fazer as desapropriações para ele voltar aqui e iniciar a obra. Minha expectativa é de que isso ocorra no decorrer deste ano.

 

Há algo previsto sobre sinalização, para facilitar a vida dos motoristas?

Vamos melhorar a sinalização sobre a proibição de veículos pesados aqui no centro da cidade. Vamos usar recursos do Fundo Municipal do Trânsito. É algo que quero executar neste ano ainda. Vamos colocar placas, especialmente na entrada da cidade. Também estamos trabalhando projeto de sinalização, especialmente a semafórica, mas também a vertical, horizontal e indicativa, junto ao Detran. O governador já autorizou. O projeto estava lá desde 2012, no Detran. Estamos terminando a atualização do plano de trabalho.

 

"Ter transporte público de mais qualidade e com tarifas adequadas faz parte desta marca de prestar serviço a quem precisa mais"

 

O que o cachoeirense pode aguardar do transporte coletivo?

Uma imagem muito impactante no início do governo foi o ônibus que perdeu o eixo na Beira Rio. Foi o ponto de partida de todas as nossas ações acerca do transporte coletivo. Passou pelo remodelamento do programa Passe Livre, pela criação do Ir e Vir, que recentemente foi ampliado. Temos hoje cerca de 400 pessoas cadastradas no programa e todas elas utilizam. São três vans novas e uma de suporte, para substituição. É um programa de muito sucesso. Praticamente estamos finalizando a integração do transporte coletivo. Faltam apenas 10% das linhas. Foi um passo fundamental do ponto de vista da organização viária e para melhorar o trânsito da cidade.

 

O que muda com o novo contrato, já em vigor?

A gente fez o edital de licitação. Cumprimos o nosso compromisso de fazer com que houvesse alteração do contrato do serviço de transporte. Hoje nós temos o consórcio, mas, nunca fugi deste detalhe: a empresa que prestava o serviço anteriormente também faz parte dele. No entanto, temos hoje um novo contrato, com regras muito claras, que nos permite fazer todos os ajustes e correções, buscando, evidentemente, passar daquela imagem do ônibus que perdeu o eixo na Beira Rio para um transporte de qualidade, com renovação de frota, ampliação de horários, redução no valor da passagem. O básico está colocado. Agora vamos fazer gestão. Vamos implantar dentro do atual contrato o serviço de transporte seletivo e serviço de transporte expresso. Todos eles começam na minha gestão. O serviço de monitoramento via satélite será implantado neste ano.

 

Mas, na campanha, o senhor prometeu que quebraria o monopólio e poria aos menos três empresas para realizar o serviço. Por que não cumpriu?

Na nossa análise prévia, isso era uma possibilidade que devíamos analisar. Feitos os estudos, chegamos à conclusão de que se tivéssemos mais de um sistema funcionando - na cidade e nos distritos - teríamos um valor de tarifa muito alto. Seria impossível. Eu não teria nenhuma coragem de propor uma situação dessas para os usuários. A gente optou por fazer um sistema único. Mesmo tendo feito uma proposta na campanha, tenho a humildade de me guiar pelos limites técnicos. O importante é que o benefício para o usuário é real. E foi essa minha opção.

 

"O novo contrato nos permite fazer todos os ajustes. Vamos passar da imagem do ônibus que perdeu o eixo para um transporte de qualidade"

 

 

 

 

 

 

 

Quais foram esses benefícios?

É muito interessante destacar que o meu papel é prestar serviço de qualidade, especialmente às pessoas que mais precisam. Nós, por exemplo, reduzimos o valor da passagem, em Itaoca. Em 2012, custava algo em torno de R$ 5,00. Hoje, paga-se o valor da passagem urbana, R$ 2,60. Assim também foi com Gruta, Tijuca, Córrego dos Monos, Soturno, Gironda, Conduru e Coutinho. Os únicos distritos em que não conseguimos manter o valor da passagem urbana foram Burarama e Pacotuba, dada a distância. Mesmo assim, também tiveram redução. Ter transporte público de mais qualidade e com tarifas adequadas faz parte desta marca de prestar serviço a quem precisa mais. Isso tudo está embutido no bojo da decisão tomada de fazer a licitação em lote único.  Ainda temos problema no transporte público, mas é inegável que já mudou bastante. Daqui a pouco quem vier dos distritos vai poder integrar, sem pagar nova passagem. Há um conjunto de coisas que já estamos fazendo e outro que estou trabalhando para cumprir daqui para frente.

 

E os pontos de ônibus, receberão melhorias?

Isso é agora que vamos retomar. Não sei se posso anunciar o cumprimento pleno disso - dos pontos padrão- até encerrar o mandato. Mas quero implantar, pelo menos, nos maiores pontos de ônibus da cidade.

 

 

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