"O sistema de transporte coletivo está morrendo" - Jornal Fato
Geral

"O sistema de transporte coletivo está morrendo"

Para o diretor do consórcio Novotrans, Eduado Carlette, o subsídio de R$ 1,6 milhão da Prefeitura pode ajudar a equilibrar serviço


O sistema de transporte coletivo de Cachoeiro chegou a uma encruzilhada. E é preciso definir quem vai pagar a conta. Por meio de subsídio, de até R$ 1,6 milhão anuais, pagam todos os contribuintes. Existe a alternativa de permitir aumento substancial da passagem, hoje a R$ 3,20, para compensar a perda de passageiros do sistema. De qualquer forma, se nada for feito, pode entrar em colapso. É isso o que está em discussão na Câmara Municipal.

"O sistema está morrendo e a impressão que dá é que só vão acreditar quando afundar de vez", avisa o diretor do consórcio, Eduado Carlete. Os problemas, que ficaram evidentes com as periódicas paralisações de motoristas e cobradores por atraso no pagamento de salários, começaram há 7 anos. Foi quando decisão política prevaleceu sobre a técnica e a tarifa, que custava R$ 2,00 em 2010, foi reduzida a R$ 1,80, com reflexos que se estendem até os dias atuais.

Nos anos seguintes, o reajuste permitido jamais chegou ao patamar apontado pelas planilhas técnicas, até que, em 2014, a empresa acionou a Justiça e conseguiu chegar ao patamar ideal.

Entretanto, a partir daquele ano, o número de passageiros reduziu 29%, de 15,5 milhões ao patamar projetado de 11 milhões, como no ano passado. O edital da licitação do serviço, vencida pelo Novotrans, em 2015, previa 1,31 milhão de passageiros por mês. Número jamais alcançado. No melhor ano, 2014, foram 1,23 milhão de embarques pagos por mês. Atualmente, são 877 mil, 357 mil a menos.

"Tivemos de um lado aumento dos insumos, e de outro, a redução do número de passageiros. Se pegar apenas essa diferença do número de passageiros multiplicados ao valor de R$ 3,20 da passagem atual, seria R$ 1 milhão a mais por mês e estamos falando aqui de subsídio de R$ 1,6 milhão por ano", destaca Eduardo.

O sistema de integração - que permite aos passageiros percorrer dois trechos ao custo de uma só passagem - fez curva inversa no mesmo período. Eram 580 mil em 2014, e, atualmente, estão na casa de 1 milhão anuais.

Mas, o maior impacto, segundo o gestor, está na gratuidade aos maiores de 65 anos, que, por mês, realizam 200 mil viagens. Também houve redução do pagamento, pela Prefeitura do chamado passe livre, distribuído a pessoas sem condição de arcar com o custo. Chegou a 50 mil, mas caiu ao mínimo de 3 mil mensais. Situação que começou a melhorar, para a empresa, neste ano.

O tema foi discutido na noite de segunda-feira, na Câmara, em audiência pública sobre o projeto da Prefeitura, que pretende arcar com o subsídio. O dinheiro, explica o secretário de Fazenda, Rogélio Amorim, viria de superávits de arrecadação, já sacramentado para este ano e previsto para o ano que vem. "O subsídio pode ser reduzido ou cancelado, se houver piora nas contas", assegura.

O valor a ser subsidiado é referente à diferença de 15 centavos entre o valor concedido e o que as planilhas para este ano indicavam.

Comentários