Transporte: "mudar sistema foi erro mastodôntico" - Jornal Fato
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Transporte: "mudar sistema foi erro mastodôntico"

Para agrônomo, mudança implantada em 2013 piorou o serviço e fez cair número de passageiros agravando crise da empresa que agora quer subsídio


Num momento em que se discute a possibilidade de a Prefeitura e Agersa subsidiarem o transporte coletivo em R$ 1,6 milhão anuais, dinheiro público, manifesto elaborado pelo engenheiro agrônomo Paulo Thiengo, estudioso do urbanismo da cidade, que passou quase despercebido, volta à tona. É uma visão diferente, mais abrangente, que não analisa apenas a crise financeira em que a concessionária do serviço se meteu, mas o que considera a raiz do problema. 

Para ele, a mudança no sistema e na modalidade do transporte coletivo, implantada a partir de 2013, piorou tanto o serviço, que o número de passageiros caiu drasticamente. Mais do que pensar no subsídio, para não permitir a bancarrota do sistema, Paulo pensa Cachoeiro. Pode-se discordar dos seus argumentos, mas, antes, é preciso ao menos analisá-los.

"A mudança no sistema de transporte coletivo foi um erro catastrófico, mastodôntico. Como ninguém mais percebeu?", indaga logo de início.

Para que seu raciocínio fique mais claro, separa sistema de modalidade de operação do transporte coletivo. O primeiro era "diametral" e o segundo, "não integrado". Fazia a ligação bairro a bairro, passando pelo centro, onde o usuário pagava a passagem por todo o trecho.

Conforme analisa, não haveria necessidade de mudar o sistema para promover a integração. Bastaria, apenas que o passageiro desembarcasse onde bem entendesse e embarcasse em outro coletivo, dentro do prazo estipulado.

Mas, ao contrário, foi adotado o sistema 'radial', que divide as linhas ao meio. "São necessários dois ônibus (mais motoristas e cobradores) para cobrir o mesmo percurso de antes. Além disso, provoca uma concentração de coletivos no centro, que é, ao mesmo tempo, ponto de chegada e partida de todas as linhas", destaca.

Embora tenha conhecido posicionamento de repúdio à erradicação dos trilhos, Thiengo acredita que o leito ferroviário desativado, por onde hoje passa a Linha Vermelha teria melhor serventia se utilizada como exclusiva ou preferencial para sistema "troncal" do transporte coletivo. "Assim, com a construção de alguns terminais em outras regiões da cidade, haveria linhas tronco, sem paradas, unindo estes terminais, incluindo um no centro, no antigo pátio ferroviário".

Na visão do engenheiro agrônomo, por ali poderiam circular ônibus, até articulados, entre o terminal central e o do bairro Aeroporto e região, de onde partiriam linhas para atendimento aos bairros próximos. "Com isto, não haveria a necessidade de uma linha para cada bairro passando pelo centro. Hoje, de ônibus, do Centro até o Aeroporto, perde-se cerca de uma hora".

 

Cidadão pode opinar em audiência pública

 

 

Todo cidadão que se inscrever até o início da audiência poderá fazer pronunciamento de três minutos

 

O projeto de lei 138/2018, que autoriza o município a subsidiar a tarifa urbana do Serviço de Transporte Coletivo Municipal em R$ 0,15 por passagem, retroativo a janeiro, será debatido pela Câmara de Cachoeiro em audiência pública, segunda-feira (12), às 18h00. Estarão no local representantes da empresa, da agência reguladora e do poder público.

Todo cidadão que se inscrever até o início da audiência poderá fazer pronunciamento de três minutos. A aprovação do subsídio geraria custo anual para aos cofres públicos de cerca de R$ 1,6 milhão - metade paga pela Agersa e a outra metade paga pelo Executivo. O objetivo seria restabelecer o equilíbrio financeiro do contrato. A empresa que realiza o serviço se queixa da redução do número de passageiros e dos percentuais insuficientes de reajustes autorizados pelo poder público.

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