Bons momentos - Jornal Fato
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Bons momentos


No dia 19/04/2018 meu avô e padrinho José completou 87 anos de bons exemplos. No domingo passado, a família, composta por 5 filhos vivos, 20 netos e 22 bisnetos, reuniu-se para celebrar. Confesso que já nem conto mais os genros, noras e netos emprestados. A família não para de crescer e as contas vão ficando mais difíceis, pois a memória falha, especialmente sendo a neta primogênita.

O dia estava agradável e a comemoração foi no quintal da casa do patriarca. Cada família levou bebidas e um tipo de comida que, juntas, renderam um baita almoço estilo piquenique. Reunidas diferentes gerações, indivíduos únicos, mas com fortes laços sanguíneos e histórias que se cruzam.

Nesse dia, dei-me conta de que sou agraciada porque me restou ao lado, um ascendente, acima de meus pais, que, embora sério e de poucas palavras, me repassa muito amor e carrega em si histórias que, embora possam me revelar sobre minhas memórias invisíveis, muito poucas vezes me coloquei a disposição para me deliciar a ouvir. 

Um avô que nunca recusa a um convite para estar perto. Um homem humilde, bom, que enfrentou a fome na infância, mas que, com responsabilidade, honestidade e sem perder a fé em Deus e na vida, construiu, junto à minha saudosa avó, dona Henriqueta que parava quem passava pela rua para contar piadas, uma grande e bela família. Hoje, ainda cheio de vigor, continua compartilhando de suas experiências e se colocando a disposição dos descendentes. Um homem que caminha todos os dias pelas ruas de Cachoeiro; que varre o quintal quando acorda; que limpa a calçada; que visita os descendentes; que cuida das plantas e que ainda ajuda a companheira com os cuidados da casa.

A família crescida e com saudades de alguns que lá já não puderam estar, conversou, orou, comeu, bebeu e guardou na memória novas recordações. A vovó já não estava conosco para nos fazer rir ou para ouvir as piadas de sogra contadas pelo tio Tone. Tampouco estava presente para nos beijar e abraçar com seus ossos fracos e seu corpo emagrecido pela vida. Mas abraços não faltaram e, na oportunidade, descobrimos que o espaço ficou pequeno para juntar toda a família.

Também não faltou criança. UFA!. Só de quatro meses para cá foram três novos bisnetos.

Assim, no meio do blá blá blá que mistura a herança genética negra, portuguesa, italiana, ..., logo, brasileira, no jeito de falar apressado e, às vezes, incompreendido que nos são inerentes, não faltou quem falasse das dores do amadurecimento. Também não faltaram elogios aos próprios netos, estes bisnetos do José. De fato, como dizem, cada avó/avô "puxava sardinha para o seu lado". Deste modo, a cada elogio nos parecia que uma criança era mais perfeita que a outra. É assim mesmo, família tem um olhar apaixonado que supera as imperfeições. Não sei se essa é a explicação para tanta beleza ou se a família é bonita mesma!

Enquanto os pequenos passavam de colo em colo, os pais, meus primos, aproveitaram para colocar a conversa em dia. As crianças maiores corriam de um lado para o outro sem parar de brincar com os primos que misturavam gerações.

Ao fim da comemoração, todos retornaram para suas casas. Meu avô, como de costume, ficou com a bagunça no quintal para o dia seguinte ou, quiçá, para depois da missa de domingo. Por sorte que Sr. José tem apenas 87 anos e nos dá uma surra quando o quesito é disposição. 


Dayane Hemerly Repórter Jornal Fato

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