Corte de gastos afeta a segurança pública - Jornal Fato
Polícia

Corte de gastos afeta a segurança pública

Viaturas da PM são obrigadas a ficar paradas nos quarteis para economizar gasolina. O caso foi discutido por deputados estaduais na sessão desta quarta-feira


Viaturas da PM são obrigadas a ficar paradas nos quarteis para economizar gasolina

 

Wanderson Amorim

 

O Decreto 3755/2015, assinado pelo governador Paulo Hartung (PMDB) no dia 2 do mês passado e publicado no Diário Oficial do Estado no dia 5 de janeiro, determina a redução de gastos em diversos departamentos estaduais.

 

Entre as medidas, ficou estabelecida a meta de redução de, no mínimo, 20% de despesas com combustíveis. Tal redução já afeta o patrulhamento realizado pela Polícia Militar no Sul do Estado.

 

Na semana passada, um policial que pediu para não ser identificado, que atua na 3ª Cia de Polícia Militar, situada em Castelo, denunciou o racionamento de combustível das viaturas e o não funcionamento do computador de bordo.

 

"Tivemos um corte de 50% na cota de combustível para as nossas viaturas, que já são poucas para patrulhar a cidade. Os veículos ficam parados, e o patrulhamento é feito a pé. O sistema Geocontrol que as viaturas possuem (uma espécie de computador com GPS) não funciona desde dezembro do ano passado. Esse equipamento é muito importante porque ajuda muito no nosso trabalho. Com ele é possível ver o nome do abordado, antecedentes criminais, e é possível consultar as placas de veículos para saber se existe restrição de roubo ou furto. O contrato com a empresa que disponibiliza o sistema venceu e não foi renovado", denuncia o PM.

 

A reportagem entrou em contato no início desta semana com o assessor de imprensa da Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (Sesp), Gustavo Tenório, para saber sobre o racionamento de combustível em Castelo, mas ele não deu nenhuma resposta sobre a denúncia feita pelo policial militar.

 

Em Cachoeiro de Itapemirim, a situação não é diferente de Castelo. Várias viaturas da Polícia Militar foram tiradas de circulação e o policiamento está sendo feito a pé ou de bicicleta.

 

A informação foi confirmada pelo subcomandante do 9º Batalhão da PM, major Alexandre Cunha Stein. Segundo ele, as medidas foram adotadas de acordo com o estabelecido no decreto estadual. "Não houve redução no policiamento, apenas modificações, e mais motos estão em circulação para patrulhar a cidade", alega.

 

A redução no número de carros da Polícia Militar nas ruas foi assunto em destaque na sessão desta quarta-feira (11) da Assembleia Legislativa (Ales). A medida, tomada pelo governo capixaba, para economizar gasolina após o aumento do preço do combustível, não agradou os parlamentares, que afirmaram que o Estado pode investir em outras economias sem prejudicar a segurança pública.

 

Para o deputado Amaro Neto (PPS), prender um meliante será algo impossível se não tiver combustível nos carros da PM. "Eu que milito na imprensa há cinco anos sempre falando das questões da segurança pública conheço e sei como os policiais são prejudicados. Em um momento como este, que se aproxima o Carnaval, precisamos ainda mais de segurança e recebemos a notícia que teremos este corte na gasolina para viaturas", lamentou.

 

Da Vitória (PDT) concorda com Amaro. "Não se pode aceitar, de forma alguma, que a nossa segurança pública fique à mercê de bandidos. Apelamos para a sensibilidade do governador em relação a este assunto. Será que reduzir a cota de gasolina nos carros das viaturas é um caminho para economizar? Acredito que existem outras formas de gerar economia sem prejudicar a segurança pública. O município da Serra terá uma redução de mais de 55%. Se os militares já não conseguem atuar por inteiro com gasolina, imagine agora com o corte", alertou.

 

Operação Verão

 

Com o corte de gastos, a "Operação Verão" da Polícia Militar também foi prejudicada e suspensa. Desde o dia 15 de janeiro circulava a informação de que a operação tinha sido cancelada pelo governo capixaba, mas a Sesp por várias vezes negou a informação.

 

Na semana passada, mais uma vez o caso veio à tona, quando um policial denunciou que a operação havia sido encerrada devido ao corte de diárias, apesar das negativas oficiais. O comandante da 9ª Cia Independente de Polícia Militar, em Marataízes, major Anderson Simas Oliveira, confirmou que a operação está suspensa.

 

 

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