Hartung: o ES aguenta o tranco. É só não fazer bobagem - Jornal Fato
Política

Hartung: o ES aguenta o tranco. É só não fazer bobagem

Segundo o governador, ?O ES está preparado para aguentar o tranco que vier no Brasil nos próximos quatro anos?

Créditos: Por Flávio Borgneth
Em entrevista exclusiva, Paulo Hartung defende legado da responsabilidade fiscal, fala da definição de não concorrer a cargos eletivos nestas eleições e dos planos após o fim do mandato

O governador Paulo Hartung surpreendeu o mercado político ao anunciar que não tentaria a reeleição. Nesta entrevista exclusiva, o peemedebista explica sua posição, fala sobre lideranças de seu grupo que podem vislumbrar o cargo, conta como pretende se comportar durante o processo eleitoral e dos planos após o fim do mandato. Com um livro pronto para lançar, Hartung pretende retomar sua profissão de economista e revela que já tem proposta da iniciativa privada.

 

ADI-ES -Como explicar para o eleitor essa definição de não vir para reeleição? Sua não candidatura não estaria deixando a oposição em situação vantajosa?

Paulo Hartung - Estou no meu terceiro mandato como governador. Uma trajetória rica em experiência em que sempre procurei fazer o melhor. Sou eternamente grato aos capixabas pela confiança. Hoje, entre os 27 Estados Federados, o Espírito Santo se destaca na organização, na inovação de políticas públicas e na área social. Fez isso debaixo de uma crise monumental que, no nosso caso, é maior pela questão da paralisação da Samarco e pela crise hídrica. Estou muito animado para concluir este mandato e deixar este legado para a população. E precisa de um sucessor para conduzir esse legado? Não é verdade! Se eu fosse disputar o quarto mandato, os adversários estariam colocando que eu sou obcecado pelo poder, que não consigo viver sem esse lugar... Consigo sim, já vivi outras vezes! Se o povo achar que o novo governador tem que ser A, B ou C, vamos respeitar o posicionamento do povo.

 

Alguns aliados alegam que a base não foi consultada antes da decisão de não concorrer à reeleição. É uma decisão de foro pessoal?

Claro que é. Uma decisão madura, refletida. Não podemos eternizar ninguém em postos ou atividades. Isso vale para as empresas privadas e todas as atividades públicas.Sinalizamos isso para os aliados permanentemente. Todos que vinham em audiências comigo perguntavam: vai ser nosso candidato à reeleição? Eu respondia: não sei, acho que não!

 

O amadurecimento dessa definição não demorou um pouco demais?

A decisão tinha que ser agora para manter o governo funcionando! Governar é um ato de buscar apoio político e social, permanentemente. Você não pode dar um passo desses cedo demais, ou desorganiza o governo. Hoje posso dizer que está tudo montado para este governo chegar até o último dia de maneira extraordinária.

 

Houve tempo para preparar novas lideranças para dar prosseguimento ao trabalho?

 

Os líderes estão aí! Em alguns momentos aproveitei algumas entrevistas e até citei nomes para que as pessoas pensassem. Agora, quem tiver aspiração de ser um governador, tem que disputar eleição. Eu não nomeio meu sucessor, quem nomeia são os capixabas. Eu estimulo as pessoas a participarem.

 

Nos jornais desta semana, a Nacional do PSDB afirma que ligou para o senhor incentivando uma candidatura tucana no Espírito Santo. Isso procede? Como o senhor vê essa alternativa?

Recebi telefonema do Marconi Perillo [presidente nacional do PSDB], para tentar justificar ligações que o Alckmin fez. Eu disse que, se tivesse no lugar do Alckmin, pré-candidato a presidente, estaria ligando para todo mundo. O vice-governador quer disputar o governo. Esteve comigo, está numa animação danada. O Aridelmo também está querendo ser candidato.

 

O professor da Fucape, Aridelmo Teixeira, teria condição de ser governador?

Aridelmo é um profissional bem sucedido, fundou a Fucape, um orgulho para o Brasil. O que precisamos é que apareçam outros como Aridelmo para participar da vida pública. Tentei colocar como candidato o Eugênio Ricas [ex-secretário e ex-diretor da Polícia Federal], mas ele definiu continuar com sua carreira. Hoje me chama atenção o nosso Secretário de Segurança [coronel Nylton Rodrigues]. Se o Nylton resolver entrar na vida pública, vou colocar as duas mãos nas costas dele.

 

O governador vai manter-se ativo na eleição estadual?

Vou participar da campanha. Tem pessoas que eu confio muito e vão participar para deputado e senador. Sobre governador, os nossos companheiros estão debatendo. O caminho que seguirem terá o meu respeito, mas vou analisar. Da mesma forma que eu não estou colocando o dedão para dizer "vai por aqui", preciso ver qual será o produto das convenções partidárias para assumir uma posição.

 

Os diálogos com Amaro Neto continuam? O senhor conversou com a senadora Rose de Freitas?

Amaro esteve comigo hoje, me disse que vai disputar o senado. Rose não esteve comigo não.

 

O senhor vai apoiar um nome para presidente da República?

Pretendo apoiar um candidato, mas vou esperar as convenções, pois não sei quais nomes vão continuar. Alguns falam que o bom para o Brasil é uma intervenção Militar. Não, não é isso!É pela política e pela democracia que vamos arrancar o Brasil desse buraco.

 

Após o mandato, o senhor já disse que vai retomar suas atividades como economista e escrever um livro. Já existe alguma proposta de trabalho em vista?

Tenho sondagens para que eu participe da iniciativa privada. Depois que sair do governo, vou descansar um pouco, aí vou pensar com calma. O livro vai abordar este mandato e já está pronto, falo isso aqui em primeira mão. Estamos discutindo quando vamos lançar.

 

O senhor teria previsão de tirar licença ou se afastar do cargo até o fim do mandato? Ir morar em outro lugar é uma possibilidade?

Sou capixaba e amo meu estado. Se precisar trabalhar em algum local do Brasil, meu ponto fixo continuará sendo aqui. Não vou tirar licença. Vou fazer um procedimento de saúde nesta sexta-feira (20). Tendo alta, já na segunda (23) estou aqui trabalhando. Tive um câncer na bexiga, sofri intervenção cirúrgica e estou submetido a um tratamento de três anos, do qual já se passou um ano e meio. É importante dizer que estou com energia boa e me sinto muito bem, mas estou seguindo as recomendações médicas.

 

O senhor aponta alguma marca deixada para a população do interior?

Nossos governos tiveram atenção muito especial com o interior do Estado. Temos obras nos 78 municípios. São investimentos em escolas, infraestrutura e educação infantil. Nossa Rede Cuidar vai alcançar quatro unidades espalhadas pelo Estado, além do programa de barragens e um conjunto robusto de rodovias. Inclusive acredito que, em alguns dias, vamos anunciar o início de algumas rodovias que são o sonho dourado da população.

 

O senhor já usou a expressão da "casa arrumada", agora tem utilizado o termo "trem nos trilhos". O trem pode sair dos trilhos nos próximos quatro anos?

O orçamento de 2019 tem previsão de crescimento de 6%, isso para Brasil é um luxo. Claro que nessa situação que o Brasil está ninguém pode brincar com fogo, uma canetada errada desorganiza. Mas, o Espírito Santo está preparado para aguentar o tranco que vier no Brasil nos próximos quatro anos. É só não fazer bobagem, contratar despesa em descompasso com a receita. Somos a unidade federada mais bem organizada do país, deixamos um belíssimo legado. Vamos passar o bastão para quem os capixabas acharem que está na hora de assumir. O dono do bastão é o bravo povo capixaba.

Comentários