Em 10 anos, 9 mil capixabas tiveram hepatites virais - Jornal Fato
Saúde

Em 10 anos, 9 mil capixabas tiveram hepatites virais

Sábado (28) é o Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais, que afetam o fígado e pode levar a problemas como cirrose e câncer


No Espírito Santo, a taxa de detecção de hepatite B é maior do que na região sudeste e no Brasil

Sábado (28) é o Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais. O Espírito Santo teve 9.047 casos de hepatites virais confirmados entre os anos de 2007 e 2017. Deste total, 896 casos foram causados pelo vírus da hepatite A, 5.322 casos pelo vírus da hepatite B e 2.829 casos pelo vírus da hepatite C. Enquanto o número de casos de hepatite A no estado diminuiu, neste período, drasticamente, 98,69%, o de hepatite B teve uma redução menos acentuada, de 21,65%, e o de hepatite C registrou aumento de 77,57%.

Os dados são da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), que alerta a população sobre o perigo destas doenças que afetam o fígado. Para se proteger, é preciso conhecer os modos de transmissão, as estratégias de prevenção e possibilidades de tratamento.

Os testes rápidos das hepatites B e C podem ser realizados durante todo o ano nas unidades básicas de saúde e, também, nos serviços de atendimento especializados em DST, Aids e Hepatites. Em 2017, foram confirmados 819 casos de hepatites virais no Espírito Santo, sendo sete pelo vírus da hepatite A, 416 pelo vírus B e 396 casos pelo vírus C.

O médico infectologista e coordenador do Programa Estadual de Hepatites Virais da Sesa, Marcello Leal, explicou que se deve pensar em hepatites virais quando um indivíduo apresenta dor abdominal, mal-estar, náuseas, vômitos e icterícia (coloração amarelada da pele e dos olhos).

Uma pessoa com hepatite A pode manifestar alguns desses sintomas ou todos esses em graus variados de intensidade e evoluir, nos cenários mais graves, para falência aguda do fígado e necessidade de transplante desse órgão.

Já as hepatites B e C, segundo o médico, se apresentam na maioria dos casos como doenças silenciosas e podem se manifestar anos depois de serem adquiridas, ou seja, a pessoa tem a doença, mas não sabe, já que não apresenta sintomas.

"A persistência da inflamação do fígado causada pelos vírus das hepatites B e C durante anos pode ocasionar progressivamente a substituição das células saudáveis do fígado por um tecido fibroso e resistente e, nas fases mais avançadas da doença, levar ao desenvolvimento de cirrose ou câncer de fígado. Os sintomas mais comuns presentes já na fase avançada da doença são ascite (barriga d'água), inchaço dos membros inferiores, icterícia, vômito com sangue ou evacuação com sangue", explicou.

 

Hepatite A

A transmissão da hepatite A é fecal-oral e ocorre pela ingestão de água e alimentos contaminados pelas fezes de uma pessoa com hepatite A. É tratada com medicamentos que agem sobre os sintomas da doença, ou seja, não há tratamento contra o vírus que causa a doença.

Desde 2014 há vacina contra hepatite A disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). A vacina é aplicada em dose única aos 15 meses de vida, mas pode ser administrada enquanto a criança tiver menos de 5 anos de idade.

 

Hepatite B

A hepatite B, de acordo com o médico, é transmitida principalmente por relações sexuais sem uso de preservativos e pelo compartilhamento de objetos pessoais que possam conter sangue contaminado, como lâmina de barbear, escova de dente, alicate de unha e pau de laranjeira, que é usado costumeiramente para limpar o esmalte ao redor das unhas. Entre o público usuário de drogas, o compartilhamento de seringas e agulhas é um meio comum de transmissão da doença.

Outra forma de transmissão da hepatite B, segundo Marcello Leal, é de mãe para filho, na gestação ou no parto. Quando existem casos da doença na família, recomenda-se que a mãe realize o teste, pois todos podem estar infectados sem saber, já que as hepatites virais costumam não apresentar sintomas durante anos.

Após entrar em contato com o vírus da hepatite B, o indivíduo pode desenvolver imunidade ou permanecer com o vírus se multiplicando no fígado, que é o que se chama de hepatite B crônica. Para esta condição ainda não existe a cura, mas a infecção pode ser controlada com medicamentos que devem ser tomados a vida toda, reduzindo consideravelmente a chance de evoluir com cirrose e câncer de fígado.

"O tratamento é gratuito e realizado nos serviços de atendimento especializados de DST, Aids e Hepatites Virais. Nem todos os pacientes têm indicação de serem tratados. Por isso é feita uma avaliação caso a caso com base em exames. De qualquer forma, mesmo sem indicação de tratamento a pessoa deve ser acompanhada durante toda a vida. É preciso fazer uma nova avaliação pelo menos a cada seis meses porque no curso da doença pode haver uma piora no grau de inflamação do fígado", esclarece o infectologista, que orienta quem não está imunizado a buscar uma unidade municipal de saúde para fazer o teste e iniciar o acompanhamento médico, caso o diagnóstico seja positivo.

De acordo com o coordenador do Programa Estadual de Hepatites Virais da Sesa, as taxas de detecção de hepatite B no Brasil, desde 2011, vêm apresentando poucas variações, atingindo 6,9 casos para cada 100 mil habitantes no país em 2016. "No Espírito Santo, a taxa de detecção de hepatite B é maior do que na região sudeste e no Brasil. Mas, observando os últimos dez anos, percebe-se que no estado houve redução da taxa de detecção da hepatite B, que passou de 14 casos por 100 mil habitantes em 2008 para 10 casos por 100 mil habitantes em 2017", detalhou o coordenador.

 

Hepatite C

Assim como a hepatite B, a hepatite C é transmitida por sangue e secreções contaminadas com sangue. De acordo com o infectologista, não existe vacina contra a hepatite C, mas o tratamento disponível na rede pública de saúde é extremamente eficaz, com chance de cura de mais de 95%, e é ofertado para todos os pacientes com diagnóstico de hepatite C, independentemente do grau de comprometimento do fígado, conforme define o novo Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas das Hepatites Virais, publicado pelo Ministério da Saúde em março de 2018.

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