Minha Cachoeiro-Luz - Jornal Fato
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Minha Cachoeiro-Luz

Cachoeiro é a minha cidade luz


Foto: Arquivo FATO

Cachoeiro é a minha cidade luz. Torre Eiffel, Notre-Dame, Rio Sena, Pico do Itabira, Catedral de São Pedro e o Rio Itapemirim têm aos meus olhos a mesma imponência. Natural para um coração que bate forte pela capital secreta do mundo.

O que falar de Luz Del Fuego, Rubem e Newton Braga, Raul e Sérgio Sampaio, Darlene Glória e seu Zezinho, entre tantos outros personagens cachoeirenses que nos enchem de orgulho e saudades. Que estiveram à frente do seu tempo, e mostraram, em prosa, verso e movimento tanto amor por nossa doce terra entre as serras.

Confesso que quando descobri a Cachoeiro-Luz, esses personagens e monumentos cachoeirenses me eram ilustres desconhecidos.  Num início de noite, brincando com colegas na frente de casa numa zona quase rural, ainda com árvores abundantes perto de um poço, em tempos de iluminação pública escassa, percebi encantada que pontos luminosos se deslocavam no ar numa velocidade impressionante.

Tinha cerca de seis anos e aquele espetáculo me impressionou. O que seriam aquelas luzes minúsculas que atraiam tanto o meu olhar, como que a me hipnotizar? Corria de um lado para o outro, imitando o gesto de meus amigos, que tentavam aprisionar com as mãos aquelas luzes inquietas e fascinantes. Percebi que os efeitos sobre eles não era o mesmo, que pareciam íntimos de um fenômeno que para mim era pura novidade.

Descobri que as luzinhas voadoras tinham nome: vagalumes, e sempre existiram, mas só podiam ser vistos por olhares atentos que não se distraiam focando no brilho errado. Era necessário um pouco de escuridão nos céus para percebê-los bailar nos ares, num voo perfeito e belo, mostrando o quanto a natureza é perfeita.

O fascínio pelos vagalumes, que deixam rastros de luz, permanece. Da mesma forma que meu amor pela Cachoeiro-Luz. O brilho no olhar ajuda a iluminar nossa terra. Da mesma forma que a alegria renovada a cada Festa da Praça Vermelha, Baile de Gala ou dos desfiles escolares, que nunca mais serão os mesmos sem o Professor Deusdedit e sua emocionante locução.

Sei que quando chegar a hora de ir brilhar no céu, serei recebida com festa por São Pedro e pelo Professor Athayr Cagnin, que me recitará "farfalham folhas e despertam ninhos/Acorda o dia em rútilos fulgores/O sol abre a cortina dos caminhos/para a festa das aves e das flores".  Eu incluiria nesta festa, com todo o respeito ao poeta, meu vagalumes queridos.

Serei grata, mas os olhos estarão inquietos em busca dos meus pisca-pisca queridos e inesquecíveis. Voltarei aos mágicos tempos de criança e correrei incansavelmente tentando alcançar seu brilho eternamente amado entre as estrelas celestes.


Anete Lacerda Jornalista

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