Pérolas aos porcos

01/05/2020 07:59 / Atualizado em 30/04/2020 19:29
Pérolas aos porcos

Não tenho dificuldade para cumprir ordens. Manda quem pode, obedece quem tem juízo, destaca o dito popular. Se valerem a pena, a pessoa e a causa, argumento sugerindo outras alternativas e outros caminhos. Caso contrário, faço cara de paisagem, como diria uma amiga, e cumpro passivamente a ordem dada, desde que não me violente nem fira valores e princípios, as cláusulas pétreas da vida.

Não discuto, não bato de frente, não meço forças, não jogo pérolas aos porcos, nem palavras ao vento. Falta de personalidade? Não se iludam. Acontece que ando cada vez menos tolerante à prepotência, arrogância, destempero e falta de amor. Não tenho tempo a perder com quem não agrega valor. O que é tóxico vai para a lixeira, mesmo que imaginária, que precisa ser esvaziada numa velocidade impressionante.

Quero distância dos donos das verdades camaleônicas, adaptáveis ao gosto do freguês. Elas não me atraem nem seduzem. Quem quiser, tome posse e faça bom proveito. De fato, fujo de debates e desgastes desnecessários. Eles fazem mal para o corpo e para o espírito. E adoecem a sociedade, que já está suficientemente enfraquecida por tanto ódio. O desamor reina e assusta.

Portanto, me desculpem se prefiro me calar e não interajo. Cansei dos especialistas do nada dando palpite sobre tudo, sem nenhum pudor. Continuo pelo caminho, tentando falar pouco, observar muito e tirar conclusões (assustadoras, diga-se de passagem) sobre o admirável mundo novo em que um vírus impôs uma moda universal, as máscaras faciais, e revelou estupidez e arrogância, mas também muito amor e solidariedade.

Que pós pandemia saiamos maiores do que entramos. Acima de tudo, que os tempos difíceis façam cair todas as máscaras e separe o joio do trigo. E que cada um escolha o que melhor atende aos seus interesses, sonhos e devaneios. Eu sigo observando atentamente. Devagar e sempre. Não quero confronto e conflito além dos que chegam pelas redes sociais. Prefiro o silêncio e a solitude. Com certeza não quero bater palmas para doido dançar.