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Ai que dor! Que dó

Salvo pela ausência da caçula, que dormiu na casa da prima


Salvo pela ausência da caçula, que dormiu na casa da prima, o domingo começou como de costume: o primogênito repousando até mais tarde; café da manhã com o esposo na casa da sogra enquanto o "papo" rolava solto já que, durante a semana, a correria nos impede de parar para conversar com a matriarca.

Depois de comprar algumas coisas no supermercado e na feira do bairro, fui buscar a filha. O pai ficou em casa trabalhando e assumiu o almoço. Até aí tudo transcorria naturalmente, inclusive, o marido já se organizava para trabalhar o domingo todo, pois estava sobrecarregado de serviço.

No almoço, a família completa sentada à mesa. Depois, enquanto eu cuidava da limpeza das vasilhas, pai, filhos e a sogra, que após servir o café da manhã em sua casa, nos presenteou com sua presença em nossa refeição, relaxavam assistindo o The Voice Kids.

Ao fim do programa, o esposo foi levantar do sofá e teve dificuldades:

- Que estranho! Exclamou.

- Dói tudo, parece que meus pés estão inchados!

- Ai! Que dor nos ombros, no peito, na perna, nas mãos!

- Que esquisito! De repente, dores surgem de todos os lados,...

A temperatura aumentou e, rapidamente, ele, que não é adepto à hospital, pediu que eu o levasse.

Chegando ao pronto socorro, a descoberta: várias pessoas com os mesmos sintomas; muita gente travada, andando encurvada em decorrência de intensa dor nas articulações, dores fortes e limitantes.

Ao ser atendido pelo médico, o diagnóstico provável: dengue ou chikungunya. Contudo, deveria esperar 48 horas para fazer o exame de sangue.

Que coisa mais intrigante! Um mosquitinho capaz de, repentinamente, causar tanta dor. Em casa, desde então, a determinação: todos devem usar repelente. O filho mais velho, que não gosta de usar, nem questionou. Afinal, ninguém quer experimentar o que o patriarca, tão proativo, está vivendo.

No terceiro dia, sentiu-se melhor, conseguiu liberar alguns trabalhos, mas, quando achou que ficou curado, de repente, voltou a ficar limitado. Desde então, experimenta diariamente contrastes: ora fica bem, ora travado.

Tirando o trágico que esse mosquito tem causado na minha casa, e em tantas outras, não pude deixar de rir do esposo. Isso porque mulher é chata! (risos) Todas as vezes que peço, passa repelente, amor, ele responde:

- Meu corpo é fechado! Não pego isso.

Toma vacina, amor. Ele responde:

- Meu corpo é fechado, não preciso vacinar.

Enfim, há males que vem para o bem. Depois dessa experiência, por certo, quando eu pedir ao esposo para se cuidar, para vacinar, para passar repelente, etc., vai pensar 10 vezes. Afinal, está sendo obrigado a perceber que seu corpo é tão fechado e tão vulnerável como o de qualquer outra pessoa na mesma condição humana.

Assim, apesar de compartilhar de sua dor, não poderia deixar de caçoar do marido e, tampouco, de chamar a atenção para a necessidade de que, todos nós, nos cuidemos. Isso porque Cachoeiro de Itapemirim possui vários bairros com focos de mosquitos e com epidemia de dengue e chikungunya.

Para combater esse mal são imprescindíveis a ação constante do ente público e os nossos cuidados pessoais, logo, dentro do possível, que nos cuidemos.

Ao meu amor, que dó, mas estamos juntos.

 

Katiuscia Oliveira de Souza Marins


Katiuscia Marins Colunista/Jornal Fato Advogada e professora

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