Andar com fé eu vou - Jornal Fato
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Andar com fé eu vou

Tempos nebulosos surgiram num repente, ninguém estava preparado para momentos em que um simples toque


Tempos nebulosos surgiram num repente, ninguém estava preparado para momentos em que um simples toque, um abraço e um aperto de mão foram tirados de forma abrupta e devastadora.

Os afagos constantes e as demonstrações calorosas de carinho ganharam tons nostálgicos nas almas sofridas e carentes.

Num esforço sobre-humano e inevitável, iniciou-se um ciclo de rememorações e reflexões que o indivíduo se pôs a se questionar. Obrigou-se a percepção de que o homem é um grão de areia, uma folha seca que o vento leva onde quiser, em meio há um universo tão vasto, cruel e presente.

Sim. Não houve forma de controlar o destino. Se é que existe destino.

"Será o fim do mundo?" - pensou as mentes menos otimistas. "Será um castigo divino?" outras vozes apegadas a crenças dúbias.

De forma prática, trabalhos mudaram de forma, as rotinas enlouqueceram, muitos sonhos se perderam e a frustração se ateve como uma visita inconveniente.

No momento em que a empatia se tornou uma necessidade latente, há quem se julgue no direito de apontar para erros alheios, de forma implacável, como se os mesmos erros ou erros piores não tivesse. A incoerência e a covardia tornaram-se iminente. Juízes surgiram em forma de "haters" e vítimas inocentes foram declaradas culpadas, sem direito de defesa ou resposta.

Espera-se que a esperança não se torne apenas um inseto verde, mas um sentimento real. Que ela seja a mola propulsora para enfrentar os desafios inevitáveis, as dores, as perdas e as lágrimas.

Entre medos, dúvidas e cancelamentos, torna-se um desafio não abaixar a cabeça e seguir em frente, com fé.

Quando digo fé, não me refiro à um produto enlatado, vendido por sermões institucionalizados, vendidos à preços módicos no mercado paralelo. A fé, no seu sentido mais amplo, denota um motor interior, aquele sentimento bobo de que "tudo vai dar certo", independente da situação.

Ter a fé em si próprio, na força do seu trabalho, fé na ciência (por mais paradoxal que isso seja) e até fé numa força superior, divina, seja ela qual seja. Tudo isso é importante para um arrimo emocional frente ao pandemônio sistêmico.

Antes de praguejar, culpar, emitir sentenças, resta o dever de olhar para dentro, rever atos, pensamentos e sentimentos, se achar. Achar quem se é.

Quanto a todo o resto, acreditando, vai passar!

 

Kléidison Ramos 

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