Andar com fé eu vou

Tempos nebulosos surgiram num repente, ninguém estava preparado para momentos em que um simples toque

17/03/2021 08:06
Andar com fé eu vou

Tempos nebulosos surgiram num repente, ninguém estava preparado para momentos em que um simples toque, um abraço e um aperto de mão foram tirados de forma abrupta e devastadora.

Os afagos constantes e as demonstrações calorosas de carinho ganharam tons nostálgicos nas almas sofridas e carentes.

Num esforço sobre-humano e inevitável, iniciou-se um ciclo de rememorações e reflexões que o indivíduo se pôs a se questionar. Obrigou-se a percepção de que o homem é um grão de areia, uma folha seca que o vento leva onde quiser, em meio há um universo tão vasto, cruel e presente.

Sim. Não houve forma de controlar o destino. Se é que existe destino.

?Será o fim do mundo?? ? pensou as mentes menos otimistas. ?Será um castigo divino?? outras vozes apegadas a crenças dúbias.

De forma prática, trabalhos mudaram de forma, as rotinas enlouqueceram, muitos sonhos se perderam e a frustração se ateve como uma visita inconveniente.

No momento em que a empatia se tornou uma necessidade latente, há quem se julgue no direito de apontar para erros alheios, de forma implacável, como se os mesmos erros ou erros piores não tivesse. A incoerência e a covardia tornaram-se iminente. Juízes surgiram em forma de ?haters? e vítimas inocentes foram declaradas culpadas, sem direito de defesa ou resposta.

Espera-se que a esperança não se torne apenas um inseto verde, mas um sentimento real. Que ela seja a mola propulsora para enfrentar os desafios inevitáveis, as dores, as perdas e as lágrimas.

Entre medos, dúvidas e cancelamentos, torna-se um desafio não abaixar a cabeça e seguir em frente, com fé.

Quando digo fé, não me refiro à um produto enlatado, vendido por sermões institucionalizados, vendidos à preços módicos no mercado paralelo. A fé, no seu sentido mais amplo, denota um motor interior, aquele sentimento bobo de que ?tudo vai dar certo?, independente da situação.

Ter a fé em si próprio, na força do seu trabalho, fé na ciência (por mais paradoxal que isso seja) e até fé numa força superior, divina, seja ela qual seja. Tudo isso é importante para um arrimo emocional frente ao pandemônio sistêmico.

Antes de praguejar, culpar, emitir sentenças, resta o dever de olhar para dentro, rever atos, pensamentos e sentimentos, se achar. Achar quem se é.

Quanto a todo o resto, acreditando, vai passar!

 

Kléidison Ramos