Arildo Valadão - Jornal Fato
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Arildo Valadão

O Brasil é múltiplo. Étnica, filosófico e historicamente. Nessas terras misturaram-se europeus, africanos e indígenas


O Brasil é múltiplo. Étnica, filosófico e historicamente. Nessas terras misturaram-se europeus, africanos e indígenas. Um quadro de inúmeras cores. Trazendo-me, assim, a comparação remota, de uma floresta e sua variedade intrínseca de espécies vegetais, plantas e arvores. Bela e multicolorida. Desta feita, é que a natureza se deleita, na diversidade, em que convivem todos, seja quando a luz do sol as aquece, ou as gotas das chuvas escorrem até suas raízes; de modo que, com a mesma harmonia, exprimem-se, -livremente, com suas flores, folhas e formas. É, pois, desse jeito que concebo a vida, naturalmente livre e ingente de possibilidades, concedendo sempre o benefício da dúvida, e jamais, seja como for, adotando a premissa definitiva, de que somos dotados do poder absoluto, com relação a última certeza, sobre qualquer cousa, até porque sonhamos e nos perguntamos, todo tempo, nesse imenso caleidoscópio mundano, como deve ter sonhado e perguntado a si mesmo, o brasileiro Arildo Valadão. Do alto de suas quimeras, a quem entregou-se, livremente, ao fazer suas escolhas, sobretudo   contra a vilania instaurada, a ponto de imolar-se, pela liberdade, e as várias facetas da sociedade, chafurdada no obscurantismo. Agora, finalmente, tomo conhecimento, pelas manchetes dos jornais, de que sua jovem vida interrompida, de forma pusilânime e barbara, será levada a julgamento. Seus algozes foram, finalmente, denunciados, e a face de uma geração inteira, ardente, no melhor exemplo de Arildo, emergira para luz diurna, do dia, que um dia quiseram, e quiseram muito, para que, enfim, seja feita a prometida justiça. Seu coração seguia os caracteres de seus ideais, que receitavam condições idênticas, para os diferentes, sem diferenças para os iguais. Arildo não morreu. Não. Vive na profusão e na liberdade de opinião, a semear nas matas do Brasil, os grãos, que   certamente germinarão, para transformar todo o país. 

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Do Outro Lado 

Quem sabe um dia, um dia desses ensolarados, eu amanheça do outro lado. Do outro lado da tristeza, onde tu estarias, eufórico, livre de todo opróbrio, suspenso em tamanha alegria, me dizendo assim:

- Sou feliz aqui! 

E ai, do outro lado, onde as aguas não são turvas, nem tão curvas, como as linhas infinitas de seu entorno, bendita, então, seriam as escrituras, dos poemas serenos, como pequenas folhas, na tarde lívida, desprendidas de uma árvore branda, onde estarias, a descansar tranquilo. 

Do lado inverso, não mais os mesmos lirismos, nascidos dos beijos idênticos. Nem o sangue a tingir o ventre ou ranger de dentes.

Haveria tanto de tudo, que o tamanho do mundo, fulguraria fecundo, enquanto gravitasse sua lua, no lado contrário da face acre e refratária, deste outro mundo, encerrado oculto, do outro lado, no fundo do corpo disposto, na parte do lado oposto. 

Do lado de lá, não há, não haveria pouco daquilo que muito querias, enquanto esperavas tanto, viesse a boca, o sumo doce da laranja, lenta e suculenta, sob a bandeira que tremula, de um jeito perfumado, ao lado de cada cota de sonho, naco de vaga, para colocar, por mim, enfim, os títulos nos poemas, que nunca consegui.


Giuseppe D'Etorres Advogado

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