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Bom dia

As invenções tecnológicas do final do séc. XX e as atuais do séc. XXI facilitaram e deram liberdade, além de conforto, às nossas vidas. Bem...


As invenções tecnológicas do final do séc. XX e as atuais do séc. XXI facilitaram e deram liberdade, além de conforto, às nossas vidas. Bem... Tanto é verdade que não saberia viver sem o controle remoto da televisão e o colorido de suas telas; com a falta de um micro-ondas na cozinha. Coisas que encontramos em nossas casas na volta do trabalho e hora do jantar. Não conseguiria viver sem o ar refrigerado e o vidro elétrico do carro de passeio e, principalmente, sem o telefone celular. São coisas simples, já do cotidiano da maioria, algo que não valorizamos no dia a dia. A maior invenção? Maior utilidade? Digo: telefone celular. Acompanha-me desde o nascimento do meu primeiro filho. No inicio nada levava a crer de sua utilidade. Era de pouco valia junto aos meus filhos. Como avô, o celular de pouca valia junto aos filhos passou a ser imprescindível, um grande aliado. Uma evolução tecnológica salvadora dos avós. Meu neto Bernardo estava em meus braços, era a hora da "papa" de frutas, por algum motivo estava incomodado, coisa de criança de nove meses de idade, não aceitava as colheres com as frutas amassadas, agitava-se. Procurei o celular e acionei o You Tube. Na tela, em frente ao Bernardo, surgiram várias figuras e uma música animada o hipnotizava. O efeito foi instantâneo. Escolhi as músicas: "Bom dia/ o sol já nasceu lá na fazendinha, acorda o bezerro e a vaquinha..." Em seguida: "Upa cavalinho. Pocotó, pocotó/ upa cavalinho, upa cavalinho/ pocotó, pocotó..." Depois: "Meu pintinho amarelinho, cabe aqui na minha mão..." Ele observava as figuras e apontava o indicador da mão esquerda na palma da mão direita. Algo diferente. Fiquei intrigado com os movimentos das mãos, a esquerda se sobressaía.

No dia seguinte, Bernardo, com sua mão esquerda retirava os óculos da minha face. Utilizou preferencialmente a esquerda. Apesar de certa agilidade com a direita. Habilidade de ambidestro, pensei. Permaneci intrigado. A dúvida persistia: canhoto, destro ou ambidestro? É cedo, eu sei. Mas tudo leva a crer que seja canhoto, com uma leve chance de se tornar ambidestro. Permaneço em grande expectativa, aguardando seus primeiros passos e o seu primeiro chute na bola de futebol, qual dos pés utilizará? Se for canhoto, pode ser um diferencial nos campos de futebol. O canhoto é mais habilidoso, me faz lembrar Paulo Cezar Cajú, Maradona, Edu, Eder, Rivelino, Messi... Eu sei. No passado existia certo preconceito para com os canhotos. Mas, sempre achei o maior charme a maneira como escrevem, pegam no garfo... E se Bernardo for ambidestro? Melhor. Lembro: Pelé, Zico, Ronaldo, Paquetá...

Ah! Os sonhos... E se Bernardo não gostar de futebol? Se ele não torcer pelo Flamengo? Não importa. A maneira como ele retirou os óculos da minha face e a maneira que fixamente me olhava, e tentava recolocar os óculos, já me alegrou. Se não desejar um campo de futebol, se não desejar o Maracanã, que seja o campo de pelada do Clube dos Médicos. Na quarta-feira, à tarde, estarei junto a ele quando em um belo chute, balançar as redes. O equivalente a um gol do Flamengo em Maracanã lotado.

 

 

Sergio Damião Santana Moraes

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Sergio Damião Médico e cronista

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