Escrever é preciso
Eu necessito escrever...
Como quando sinto sede
Escrever sobre tudo
Sobre o mundo
Falar de amores mudos
Dos amores e suas falas
E cada som emitido da paixão
Escrever com ou sem emoção
Para respirar o ar faltoso
Sobre tudo que de tão antigo, dizem os livros, revela-se de novo quando escrevo.
Faxinar o "hall" da consciência, como se naquele momento a única cousa a fazer, seja escrever, porque existo a cada signo.
Escrever é preciso.
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Assusta-me, de um modo geral, o desinteresse nacional pela poesia, dentre os gêneros, para mim, o mais belo e significativo. Essa ausência de pendores para os versos, alcança a todas as classes e faixas etárias. Preocupam-se com o "pregão" das bolsas, mas nunca com Drummond, Bandeira ou Gullar. Os mais velhos, alguns; jamais leram e, consequentemente, não aconselham os mais jovens. É um nefando círculo vicioso!
Mesmo aqueles cuja erudição salta aos olhos, não buscam a poesia, essa viagem ao desconhecido, como diria Maiakovski, ainda no século vinte. Uma lástima que a lira não seja, condignamente, apreciada. "Questão de gosto!" Por certo haverão de dize-lo. Eu: falta de hábito ancestral, fruto de um país, cuja pobreza vai além dos bolsos. Continuo perseverando, perscrutando a fé de Bandeira que certa feita sentenciou:" chegara um dia que falaremos de poesia, como chinelos, sob a cama". Insisto no canto. No canto dos cantos e nas estrelas. Ainda faremos com que as pessoas compreendam que além da matéria, o abstrato é necessário sim, para nossas almas, nossas mentes e inteligências. Viva a poesia, para sempre viva.