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Exercício da Democracia

No último domingo o povo brasileiro elegeu representantes do executivo e do legislativo na esfera estadual e federal


No último domingo o povo brasileiro elegeu representantes do executivo e do legislativo na esfera estadual e federal.

Embora muitas pessoas tenham chegado às urnas sem saber em quem votar, mais uma vez o exercício da democracia se concretizou. Nessa eleição, a sociedade brasileira experimentou as contradições que têm transformado o país no "céu" de alguns que se esbaldam com o dinheiro alheio e no "inferno" de uma maioria que não tem direitos concretizados.

Apesar do fato de que a melhor resposta à corrupção seria a integral renovação de nossos representantes, algumas mudanças foram promovidas, o que demonstra que o povo está começando a perceber a força que tem de mudar o quadro atual.

Todavia, contraditoriamente, os dois presidenciáveis com maior índice de rejeição disputarão o segundo turno, o que revela que estamos diante de uma campanha de rejeições. Assim, que ganhe o menos odiado, ecoa o sino!

Os mesmos candidatos que dividiram parentes, que racharam amigos, estão tentando convencer os eleitores de que devem vencer, o que prorroga a campanha da indignação versus o medo.

Diante disso, enquanto acontece a campanha que revelará a quem o povo mais teme, surge a pregunta: em quem votar? De um lado, um partido político, por muitos, repelido, mas cujo candidato tem o respeito de diversos eleitores. Do outro lado, um candidato que, conscientemente ou não, traz em si a imagem da cultura do ódio que é propagada por muitos de seus eleitores que idolatram o candidato e divulgam ofensas aos que lhes são contrários, ferindo a democracia.

Somado a isso, essa é eleição dos Fake News (notícias falsas) jogadas na mídia por desocupados com fim de confundir o povo e de ampliar a desestrutura já estampada no Brasil. Pior é que conseguem! Afinal, uma notícia falsa lançada na internet jamais será, ao menos integralmente, desmistificada.

O fato é que, seja quem for o próximo presidente, não podemos perder o olhar para o social, ou seja, para o interesse público, portanto, interesse de todos, sem restrições. Necessário lembrar que uma máquina não funciona bem se algumas de suas engrenagens estiverem desajustadas. Às vezes, um pequeno parafuso pode desestabilizar grandes equipamentos. Igualmente, uma única unha encravada pode gerar dores e infecções que derrubam pessoas enormes e saudáveis, inclusive levando a morte.

Com um país, repleto de diversidades, como o Brasil não é diferente, pois, se uma administração malfeita, se uma gestão desvinculada da economia, ou da redução drástica da violência, ou da criação de empregos, ou da ..., pode levar um país rico a decadência, o que fará, então, com um Brasil já decadente?

Ademais, não dá para cuidar da família se nesta, além da violência que a persegue, há desemprego, há fome, há ausência de educação e de saúde;... Se os membros das famílias não forem tratados com dignidade humana, como estarão as famílias protegidas pelo Estado ou como persistirão em meio às mazelas que lhes são lançadas?

Necessário lembrar que existe muita discussão envolta do candidato e do partido à presidência, mas não se pensa qual deles terá maior governabilidade? Isso é muito preocupante, pois, independente de quem será o presidente eleito, se não tiver apoio da bancada do Congresso Nacional, terá grande dificuldade de gerir o país. Assim, o que faremos: novo impeachment para desestruturar ainda mais a falida economia nacional ou colocaremos o exército no poder e rasgaremos a Constituição Federal de 1988, Cidadã, tirando garantias constitucionais que, com muito sangue, há 30 anos foram conquistadas?

Sinto na pele a vivência do ditado popular: se correr o bicho pega e se ficar o bicho come. O que é melhor? Ainda não sei ...

A questão é que, quanto aos deputados, senadores e governador eleitos ou reeleitos, nada por ora podemos fazer, além de fiscalizar (o que não ocorre) e de orar para que, ao menos dessa vez, nos representem. Quanto ao presidente, vale analisar qual de fato nos poderá representar e, mais que nunca, orar para que, entre o ser pego ou ser comido pelo bicho, surja uma terceira opção que acalente o nosso coração e nos faça voltar a ter orgulho de ser brasileiro.


Katiuscia Marins Colunista/Jornal Fato Advogada e professora

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