Fé é uma coisa espetacular, não é mesmo? Não digo fé em alguma divindade ou algum poder sobrenatural. Isso é simples. É como saltar de uma ponte no filme do Super Homem. Quem tem fé em algo extraordinário sabe que está protegido. Falo de fé em nós mesmos, naquilo que acreditamos como estando dentro de nossa capacidade por mais que outros digam o contrário. Fico aqui pensando em um cientista lá nos tempos muito antes de hoje tentando desenvolver uma vacina e aplicando em si mesmo na certeza absoluta de que conseguiu o que vinha procurando. Penso em Freud falando sobre os complexos sexuais infantis para uma sociedade psiquiátrica enlouquecida diante do que estava ouvindo. Penso em Reich, Nietzsche, Sócrates, penso na defesa de suas idéias custe o que custar. Penso nos tantos visionários que deram suas vidas por aquilo que acreditavam. Penso em como alguns viraram heróis, mestres e ícones que nos inspiram ao longo dos tempos. Penso nos outros que naufragaram em suas tentativas e a história os esqueceu. Famosos e anônimos, essas pessoas se colocaram, não poucas vezes, diante de encruzilhadas que poderiam destruir suas vidas e escolheram acreditar em si mesmos. Artistas, cientistas, pensadores. O Gagarin sendo lançado ao espaço em algo mais frágil que um fusca, o Dumont se erguendo aos céus no seu pequeno avião, Aníbal e seu exército atravessando os alpes para surpreender os romanos. O Giordano indo para a fogueira da inquisição, o Galilei abjurando diante da mesma fogueira, o marinheiro que embarca no navio em direção ao desconhecido. Decisões que afetam sociedades, culturas, países, o mundo, mas que são tomadas por uma só pessoa. 

Cada um de nós compõe a tessitura do mundo. Mas alguns são a liga que nos mantêm unidos. Esses são espetaculares.

A fé em si mesmo é coisa espetacular, não é mesmo? Boa ou ruim, para o bem ou para o mal, a fé em si mesmo é coisa espetacular.