Livres Livros, Ipê Amarelo e... Café - Jornal Fato
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Livres Livros, Ipê Amarelo e... Café

A casinha do centro, e todas as outras, são obras do marceneiro Paulo Cesar Andreza


- Divulgação

No centro de Cachoeiro, bem em frente ao Palácio Bernardino Monteiro, existe uma casinha de livros chamada LIVRES LIVROS. Ela funciona mais ou menos assim: - Você pega um livro dela, se te interessar; deixa outro, seu, que você doa - atividade pessoal voltada para a cultura.
Essa casinha, que, depois, se espalhou por outros três locais de Cachoeiro, foi novidade cultural trazida pela amiga baiana Raíssa Martins, redescoberta pelo seu amigo, também baiano, Denis Lacerda, da BRK. Ambos se tornaram nossos amigos - meu e de Maria Elvira - e as casinhas, nos últimos 4 anos (2016), têm cumprindo papel de disseminar a leitura em Cachoeiro. De graça e sem propaganda abusiva. Não sei precisar quantos livros circularam, graças à boa ideia trazida da terra baiana, mas foram muitas e muitos os cachoeirenses que participaram da distribuição de cultura e de livros.
A casinha do centro, e todas as outras, são obras do marceneiro Paulo Cesar Andreza, alimentadas por livros colocados por cidadãos cachoeirenses geralmente não identificados. A do centro é cuidada, tanto na reposição de livros como pela manutenção física, por Maria Elvira e por mim, contando sempre com a indispensável colaboração e trabalho do... Cesar - sempre que acionado por nós. Por meia dúzia de vezes ele tratou de recuperar madeira e vidro, quebrados por pessoas ignorantes ou perdidas.
E a quebra, na semana que passou, aconteceu novamente. Quebraram o vidro da porta da casinha do Livres Livros e ela está lá, por enquanto danificada... Breve voltará ao normal, e a ela voltarão, normalmente, livros... livros a mãos cheias.
Como acontece sempre, amigos e cidadãos reclamam do descaso da população, da falta de interesse da maioria dos cachoeirenses e muito mais dizem de Cachoeiro, do Governo, dos cidadãos e nem mais sei de quem mais.
Fui lá, fotografei o vandalismo, no ponto central da cidade, repito. No face, coloquei mensagem, que reproduzo:
- "ENVENENARAM A ÁRVORE ao lado da "Casinha" do Livres Livros. Tiveram que cortar. - DO MAL PODE VIR O BEM. Que tal plantar, ali, muda de café, para que nós, nossos filhos e netos, daqui há algum tempo, ao passar por lá, conheçamos, próxima, a árvore que sustenta nossa riqueza, há séculos? Representa Cultura, Economia, Turismo e Meio Ambiente. (acho, até, que isso vai dar crônica)". E deu... esta crônica.
Concluo - estou sugerindo à Prefeitura que, no centro, onde envenenaram o Ipê amarelo, plante muda de nosso café, e que seja cuidada e que seja vigiada e que, nos dias em que ela vier a florir e dar frutos, seja observada por todos, especialmente os mais jovens e alunos em algazarra, até em visitas guiadas por professores, no sentido de orgulharmo-nos de Cachoeiro, juntando, ao mesmo tempo e fisicamente (não só em sonhos) nossa Cultura, nossa Economia, nosso Turismo, nosso Meio-Ambiente... e nosso povo.
Espero que tal plantio aconteça e se reproduza noutras praças, principalmente e não só, próximas às escolas, à vista e vigilância de alunos e professores.
(Dentre outros, além dos citados, são personagens fundamentais na missão do Livres Livros: - os cachoeirenses Rosa Malena, Flávio e Micheline (da BRK); Marcelo Ferri, da Confeitaria Imperial, Graça, Victor Lendários, Projeto Grupo Unido e Seu Jorge (todos do Aquidabã); e mais o Projeto LUSB e a EMEB Zilma Coelho Pinto).

Frase que Recolhi
Toda a cidade, por menor que seja, é na verdade duas cidades, a dos ricos e a dos pobres (Platão - e tem gente que acha que é Marx).
Quem sobe ao Poder geralmente não sabe descer (Carlos Drummond de Andrade). Sentimentos nunca se comportam em números ou definições. Acacianamente podem ser definidos como... sentimentos (Eu, década de 1990).
Tomara que o real e a fantasia se encontrem no final (Eu, década de 1990).
Certezas é que ferem fundo, inalcançáveis (Eu, década de 1990)
Cada um recebe heranças boas e más, e decide, por si, se deve dar vida a elas e entregá-las a alguém que às vezes nem nasceu (Eu, década de 1990).
Para se planejar (uma cidade) é preciso conhecer o espaço de intervenção. Não adianta ter um monte de leis e instrumentos técnicos e políticos se não conhecemos o que queremos gerir. Vamos apenas gastar papel, tempo e dinheiro público, e de nada vai servir nosso esforço para a cidade e sua população (Maria Luiza Andrade).
Quem dá ouvido a todos, pode, muitas vezes, fazer papel de burro (La Fontaine).
Quer conhecer o futuro? Estude o passado (Maquiavel adaptado).
Quem nasceu para obedecer, obedece até mesmo em um trono (Vauvenargues).
Ninguém está sozinho quando pensa (Luiz da Câmara Cascudo).
Aquele que não sabe nada, não duvida de nada (George Herbert).
(JANELA SOBRE HERANÇA) Pola Bonilla modelava barros e crianças. Ela era ceramista de mão-cheia e mestre-escola nos campos de Maldonado; e nos verões oferecia aos turistas suas esculturas e chocolate com churros. Pola adotou um negrinho nascido na pobreza, dos muitos que chegam ao mundo sem ter com que, e criou-o como se fosse um filho. Quando ela morreu, ele já era homem crescido e com ofício. Então os parentes de Pola disseram a ele: - Entre na casa e pode levar o que quiser. E ele saiu com uma fotografia dela embaixo do braço e se perdeu nos caminhos" (Eduardo Galeano).


Higner Mansur Advogado, guardião da cultura cachoeirense e, atamente, vereador

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