Não é "só" por 15 centavos - Jornal Fato
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Não é "só" por 15 centavos

Relação deteriorada entre prefeito e vice de Cachoeiro tem como estopim argumentos técnicos, mas esconde interesses políticos


Os homens hão de aprender que a política não é a moral e que se ocupa apenas do que é oportuno.

Henry David Thoreau


 

Não é "só" por 15 centavos 

 

Por mais que discussão original seja técnica - a concessão ou não do subsídio para o sistema de transporte coletivo proposta pela Prefeitura de Cachoeiro - as repercussões políticas são inegáveis no entrevero em que estão metidos o vice-prefeito Jonas Nogueira (PP) e o secretário de Governo, Weydson Ferreira, que se assim o faz e continua no cargo, é porque tem o aval do prefeito Victor Coelho (PSB).

O vice-prefeito tem sérias desconfianças das planilhas em que a administração se baseia para injetar R$ 1,6 milhão por ano no sistema. Mas, definitivamente, não é pelos 15 centavos de subsídio por passagem que as coisas chegaram ao ponto de bate-bocas virtuais e pessoais - inclusive sobre uso de gabinete e nomeações - com o secretário de Governo.

Pragmaticamente, é tradicional reacomodação de forças já visando as próximas eleições. Jonas mira a Prefeitura e Victor, por já ocupar o cargo, é naturalmente cogitado para a reeleição. A se julgar pelo distanciamento entre os dois durante o mandato, as ríspidas discussões do presente, e a perspectivas futuras, é improvável que a dobradinha se repita.

Jonas precisa demarcar território. O que não se faz à sombra do grupo que projeta enfrentar nas próximas eleições municipais. Para isso, tem de pontuar as diferenças entre o que o governo faz e o que faria se tivesse a caneta.

O vice-prefeito costuma dizer que não tem telhado de vidro e, por isso, nenhum temor. E foi assim que construiu sua biografia política. No mandato anterior, por exemplo, só assumiu vaga de vereador por alguns meses quando o então prefeito Carlos Casteglione lhe abriu a vaga, nomeando o titular para o secretariado.

Isso, no entanto, não o impediu de criticar e votar contra projeto do Executivo, quando achou coerente e necessário. Só que, agora, as coisas são um pouco diferentes. Jonas é parte do governo. Mantém cargos de cabeça e corpo no Desenvolvimento Econômico e Procon Municipal.

Se vislumbra ocupar - como ninguém ainda fez - o espaço de oposição, por coerência, terá que cortar os laços que o prendem ao Palácio Bernardino Monteiro e, depois, se desculpar com os eleitores por ter embarcado no projeto que agora critica.

 

DESTAQUE

 

Em 15 de novembro, foi inaugurado em Cachoeiro de Itapemirim polo de educação a distância da Unicesumar. São 80 cursos superiores disponíveis.

 


 

Mas, hein?!

Ou o que cai do céu sobre Cachoeiro é chuva ácida, ou o asfalto das vias locais é feito de papel. Muitos buracos.

 


 

Sobe

Iluminação natalina

Se o prefeito faz a iluminação de Natal, é criticado por gastar dinheiro com isso, quando há tantos buracos a tapar nas ruas. Se não faz, é julgado por não manter a tradição que é capaz de atrair visitantes e impulsionar as compras no comércio de Cachoeiro. Como governar é decidir. E decidiu fazer, vale ressaltar que ficou muito bonita.

 

 

Desce

Marataízes

O prefeito Tininho da Silva (PRP) conseguiu o que todos os prefeitos tentaram: os recursos para a reurbanização da orla da Praia Central. A única coisa que não consegue é se livrar das pautas negativas, como a situação lamentável do Pronto-Atendimento da Barra, que mistura estrutura deteriorada e falta de segurança para funcionários e pacientes, constantemente assaltados nas madrugadas.


 

De olho

Enquanto prefeito e vice-prefeito se desentendem, o candidato derrotado pela dupla na última eleição, Jathir Moreira, observa. Está, agora, no meio da onda direitista que elegeu Bolsonaro e pode, com a convergência da ruptura municipal e o quando nacional favorável, se cacifar novamente para a disputa. Volto ao assunto em breve.

 

Homenagens

A Câmara de Cachoeiro de Itapemirim homenageou ontem, em sessão especial, políticos vitoriosos nas últimas eleições para a Câmara Federal. Metade da bancada capixaba da próxima legislatura recebeu a honraria: os eleitos Felipe Rigoni (PSB), Lauriete Rodrigues Malta (PR) e Soraya Manato (PSL), e os reeleitos Evair de Melo (PP) e Norma Ayub (DEM).

 

Polêmica em pauta

O projeto de lei 138/2018, sobre o subsídio ao sistema de transporte coletivo, está incluído pauta da sessão ordinária desta terça-feira, mas somente para primeira discussão, ou seja, não há previsão de votação da matéria. Da mesma forma, a Lei Orçamentária Anual (LOA, projeto de lei 130/2018) também está incluído na pauta somente para primeira discussão.

 

Polo educacional

Cada vez mais Cachoeiro de Itapemirim se firma como referência educacional. A mais recente conquista nessa área foi a abertura de polo de ensino à distância, no município, da Unicesumar, melhor instituição de ensino superior dentre os dez maiores grupos educacionais privados do Brasil, segundo o Índice Geral de Cursos (IGC) do Ministério da Educação (MEC). A unidade está localizada na Rua Moreira, 208, anexo ao colégio Equipe.

 


 

Vias de FATO

  1. O governador Renato Casagrande ainda não assumiu, mas já tem sido implacavelmente criticado a cada indicação de secretário que promove.
  2. Depois de eleito, adotou a prática de só se comunicar pelas redes sociais. Talvez fosse momento de, na medida do possível, voltar a circular o Estado e conversar com as pessoas.
  3. Pode ser que as pautas positivas do Governo Federal para o Espírito Santo tenham como porta-voz, na próxima gestão, o atual deputado Carlos Manato (PSL).
  4. Ele tem se entrosado cada vez mais com o presidente eleito Jair Bolsonaro, ao mesmo tempo em que se apresenta como oposição ao governador eleito capixaba.
  5. A vereadora Renata Fiório (PSD) fez ontem evento de prestação de contas de seu mandato parlamentar. Foi no auditório do Sindicato Rural.

Wagner Santos Diretor e editor Jornalista

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