Inexiste pior solidão, do que sentir-se só e de tal maneira que a presença apenas de si mesmo, não é o bastante. Momentos a sós, tem significados próprios. Mas estar só, é tal como.um corte profundo, chafurdado no silêncio, e arde. Não nascemos para a solidão. Mesmo nos monastérios, nos templos budistas e nas cavernas dos eremitas, existem momentos de presença, proximidade e contato. O ser humano não suportaria a si mesmo, o tempo todo, e todo o tempo. Não. Somos seres gregários. Nos associamos uns aos outros, por uma série de laços, cujas naturezas remontam as mais diversas afinidades. Com Deus, estamos todo tempo, principalmente se em companhia do próximo. Não sejas só. Não estejas sozinho. Está provado que entre tantas enfermidades, a demência é a que mais afeta os solitários. Alguns optam por animais domésticos. Outros, por família. Como não quero concluir meus dias, falando com paredes vazias; escolhi pessoas. Ao menos assim, posso ama-las, e extrair do contato, a estrela de toda esperança. 

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Te amo nas profundezas rosáceas, de palavras que, plásticas, amoldam-se na mão, como a rocha de Virgílio, úmida e quente, concomitantemente, desenha-se, com as gotas recordando, com certeza, a natureza de cada letra; amo-te 

Como a mão de um pai, sobre o corpo do filho, no ventre da mãe, útero macio, forrado de palhas e singelezas. Adoro a beleza, de cada azulejo vivo, no interior da barriga, onde vive a vida, amparada no cordão, fulgido e pronto para luz. 

De tudo amo, vida, além.do nome, mas o exercício que a amplifica, existência, além da mera aparência estéril, acima de tudo que há no mundo viva. 

E de mãos atadas a outras mãos, caminham, indo e vindo, diferentes, direções justapostas, a frente do que impede o poema, e não cede, a frente, então, dos fados, e de cada gente reluzente, que caminha lado a lado, eu canto. 

Irmãos do sol idêntico, mostrando os dentes para os astros, nos caminhos anárquicos, que esquadrinham a própria poesia, viva.