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O grande perdedor

O vice-prefeito cometeu o erro de achar que poderia surfar na onda direitista como fez com a esquerda quando o PT estava no topo. Não colou


O vice-prefeito Jonas Nogueira (PL) é o grande perdedor das eleições deste ano em Cachoeiro de Itapemirim. Conseguiu a proeza de, como candidato a prefeito, ter votação menor (10 mil votos) do que alcançou para deputado federal (14 mil) apenas dois anos antes.

O tombo de 30% reflete o tamanho do erro de estratégia do político que - considerando que vice não tem voto - jamais ganhou uma só eleição, coisa que tenta desde 2004. O resultado das urnas é categórico e diminui o tamanho do político, que vê outras lideranças do mesmo campo com desempenho comparativamente melhor.

Fora de seu círculo mais próximo, pessoas que o conheciam de outras épocas estranharam ao vê-lo vociferando ao lado de seu vice, Wellington Callegari, um discurso raivoso, que não encontrou eco na população.

Na verdade, era algo que ensaiava desde que não teve o apoio do governo municipal em 2018, na sua campanha para deputado federal, e se acentuou no pós-enchente e a sequente pandemia.

O vice-prefeito cometeu o erro de achar que poderia surfar na onda direitista como fez com a esquerda quando o PT estava no topo. Não colou.

Sabe-se que desde 2016 já planejava ser candidato a prefeito, mas se acomodou como vice de Victor Coelho (PSB), com quem brigaria antes mesmo da posse, por divergência na distribuição de secretarias.  Meses depois, romperia, tendo o subsídio dado ao consórcio Novotrans como pano de fundo, mas, na realidade, já com a intenção de disputar o Palácio Bernardino Monteiro mais adiante.

Jonas brigou com meio mundo para ser candidato e, durante a campanha, brigou com a outra metade. Se apropriou do discurso "Pátria, Deus, Família", das pautas e comportamentos que levaram o presidente Jair Bolsonaro ao poder, inclusive os ataques à imprensa e às pesquisas científicas. Tivesse dado mais atenção ao menos às pesquisas, poderia ter corrigido o rumo para que minimizasse os estragos.

Na campanha, criticou insistentemente a gestão da qual ainda faz parte como vice-prefeito - já que não renunciou, nem ao cargo, nem ao salário, embora doe uma parte. E apresentou pouquíssimas propostas plausíveis, apostando em obras faraônicas e plenamente inviáveis com os recursos da Prefeitura, como a implantação de viadutos e ponte pela cidade.

A acachapante derrota deveria servir para que reveja seus conceitos. Se quiser voltar a se erguer, terá que remar tudo de novo. Reconquistar a confiança do mundo político e ter a humildade para compreender os seu real tamanho eleitoral, para que, talvez, possa crescer na política.

Com o resultado das eleições e o fim do mandato que se aproxima, desceu de patamar. E mesmo que mantenha o discurso de oposição, foi obliterado por gente de mais votos. A fila andou. Diego Libardi (DEM), que disputou apenas a sua a primeira eleição, já está na sua frente. Quase 7 mil votos, pelo que se pode medir numericamente. E ainda mais do que isso, se ponderar o prestígio político conquistado.


 

PS. Em 2018 eu já analisava a ruptura entre prefeito e vice, Victor e Jonas, e como o interesse eleitoral divergente resultou na separação. Clique para conferir.


Wagner Santos Diretor e editor Jornalista

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