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Ociosidade


Dormir até o olho abrir; assistir televisão; ler; cuidar da casa; viajar; sol; praia; ...; ou, simplesmente, nada fazer. Seja qual for a escolha ou a possibilidade, um pouco de ociosidade não faz mal para ninguém. Ao contrário, faz muito bem.

Após os feriados de fim de ano e as férias individuais ou coletivas que a muitos trabalhadores beneficiaram, necessário retornar às obrigações; preciso voltar à "vida real".

Contudo, parar para experimentar o descanso físico e mental é necessário, pois restaura as forças para o labor no decorrer de um ano. Por esta razão a Consolidação das Leis Trabalhistas, em cumprimento do que ordena a Constituição Federal, garante a todo trabalhador o direito às férias. Apesar disso há trabalhadores que "vendem" - ou pensam que vendem - as férias, mas esse direito não pode ser restringido; não pode ser vendido.

Isso porque sem o descanso necessário, ampliam-se os riscos de acidentes e de improdutividade. Afinal, o corpo humano precisa de manutenção sob risco de falhar. Essa ocorre nos intervalos inter e intrajornada, bem como nas férias, todos legalmente previstos e não passíveis de supressão.

Embora muitos trabalhadores confundam com "venda", na verdade, o que existe, previsto na lei, é o Abono Pecuniário, que é a conversão em dinheiro de 1/3 (um terço) dos dias de férias a que o empregado tem direito, logo, ao menos 2/3 das férias deve ser gozado, ou seja, precisa ser descansado.

Assim, tendo em vista que, apesar de não sermos máquinas, também precisamos de manutenção, saúdo a ociosidade temporária. Que nela aproveitemos para rever os amigos; para estar com a família e para pôr os pés nas areias das praias maravilhosas que Deus nos presenteou. Que nos vinculemos a energia que a natureza nos oferece gratuitamente e afastemos de nossas mentes o estresse; o cansaço físico e emocional e, deste modo, que nos preparemos para mais um ano de trabalho intenso; responsável; comprometido com o bem-estar coletivo, mas sem que nos esqueçamos de nós mesmos.

Que não percamos de vista as nossas necessidades, os nossos direitos e as nossas obrigações. Caso contrário, algo tende a falhar seja no corpo ou seja na alma e, quando o conjunto não funciona bem, a vida tende a se fragmentar e a se tornar acinzentada.

Contudo, é verão! E um show de cores salta aos nossos olhos: o azul do céu ou do mar; o amarelo do sol; o verde das árvores e as cores da vida se tornam mais brilhantes. Assim, qual a razão de sofrermos pelo calor, se temos um quantitativo de outras realidades a nos envolver? Qual o motivo de nos lamentarmos se, a cada dia, a vida nos entrega seu milagre revelado no nosso acordar; sentir e, enquanto a ociosidade não chega; no nosso trabalhar; estudar; cuidar dos sonhos, dos projetos ou mesmo das nossas necessidades?

Que hoje e sempre a luz do sol irradie cor as nossas vidas; que brindemos com boas escolhas os momentos de ociosidade e que nos entreguemos, sem perder o dom de viver, às nossas obrigações.

 

Katiuscia Oliveira de Souza Marins

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Katiuscia Marins Colunista/Jornal Fato Advogada e professora

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