Rita Lee - Jornal Fato
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Rita Lee

Ao terminar de ler a biografia de Rita Lee e comentar com algumas pessoas, ouço em contrapartida que ela era muito doida


Ao terminar de ler a biografia de Rita Lee e comentar com algumas pessoas, ouço em contrapartida que ela era muito doida, uma viciada e que foi internada muitas vezes. Realmente o livro é uma autobiografia e a autora não tenta esconder os detalhes sórdidos que poderiam tê-la destruído. O que me espanta é o fato de que são detalhes que entremeiam uma biografia belíssima, de uma mulher corajosa, que não omite suas dificuldades, e que não se dá todo o mérito do que foi capaz de realizar, até atingir o topo do sucesso - num gênero musical potencialmente dominado pelos homens.

Rita Lee sempre valorizou a família, desde a ancestralidade até a atual, como valoriza seu casamento e se mantem unida ao músico Roberto de Carvalho, amor de sua vida, até hoje. Uma mãe amorosa repleta de cuidados pelos filhos e netos. Cuidou, e ainda o faz, de todos que possibilitaram que realizasse a sua carreira. Amante da natureza, decidiu viver num sítio e se alimentar de forma mais natural, segue a dieta vegana por solidariedade aos animais. Feminista, lutou por seus direitos num mundo musical comandado pelos homens. Sempre foi excepcionalmente criativa, compunha suas músicas e idealizava as próprias vestimentas. Reconhece o valor dos Mutantes no início de sua caminhada e cita agradecida a todos os amigos que a ajudaram a alavancar sua carreira. Compôs centenas de músicas, gravadas por ela e outros cantores. Vendeu discos no Brasil e no mundo - uma quantidade excepcional. Apresentou-se em vários países. Esqueceu de citar, por excesso de modéstia, várias passagens e premiações,  fatos complementados na biografia por um fã ardoroso que mantem um acervo completo da sua carreira. Excessivamente magra, o que não a impedia de ser vista como símbolo de beleza, corajosa o bastante para compor e gravar músicas que mostravam a verdadeira sexualidade da mulher, vista até então como um ser assexuado. Nunca foi linda, do tipo de uma beleza clássica, mas se transformava em uma deusa no palco, e deslumbrava o público. Suas músicas falam de amor, de felicidade, de alto astral, de temas corriqueiros com um viés irreverente, de paz e principalmente de muita alegria. Resolveu se recolher no sítio alegando que não se imagina uma vovozinha do rock and roll, decrépita, em cima dos palcos. Encerra sua biografia dizendo-se realizada, simplesmente por ter feito as pessoas felizes!


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