Sorria
Olhar para ti, no alto, assim, sorrindo, ao vento, é sopro no cata-vento, gravura silenciosa, de aparência rosa e serena, a florescer, feito pincéis, numa tela imensa
Quando tu sorris...
Rabisco teu sorriso nas nuvens gris
E quando as nuvens te avistam
Então, despejam as cores cinzas
E refletem flores, delineadas em cúmulos peregrinos, indo expor a tua face redonda, de aureolas lindas....
Olhar para ti, no alto, assim, sorrindo, ao vento, é sopro no cata-vento, gravura silenciosa, de aparência rosa e serena, a florescer, feito pincéis, numa tela imensa.
O ponto amanhecido no rosto dela, no início bento do músculo, é u' a aquarela, feito de uma divina revoada de pombos
- alegria! -
Suspiro, assim, em cada curva das tuas linhas. Das tuas tintas, donde remexo e extraio, suavemente, os lados da maçã do teu rosto.
Um vermelho fosco, agora brilha, outro lilás, ilumina. Tintas tênues, plenas de toda luz expurgando o escuro do chão, a produzir seu riso, nas matizes que clareiam
Ver-te, assim, todo tempo, tua miragem, pelo contrário, não molesta ou cansa.
Ver-te, é ver além da fronteira dura, entre tudo que não é bom, e deixando a clausura, ver melhor o que há, atrás de cada criatura. Ver-te, sempre é salutar, é visão, quase santa
que modifica...cura
- És pintura!-
E não é apenas ar, tela, portanto, mas sopro ingente, que sacode folhas e grãos, da grande arvore na parede feita, na aquarela dela.
É a planta retratada e verdejante que, ante a presença, altera-se é mangueira. Manga-rosa. Que balança o tronco encrespado e largo.
Da copa frondosa, toda prosa, até as raízes firmes e suculentas, as sacode, como as folhas grossas e finas. Daí, digo:
- Sorria! -
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Filhos
Quando vindos à luz do mundo, e depois pequeninos são: filhos. Logo adiante, entre brincadeiras, continuam: filhos. Mais adiante, na adolescência, permanecem filhos. Até que finalmente, nos presenteiam com netos, e se conservam filhos. Do latim - filius, é o nome que se dá aquele que se origina do mesmo tronco, pai e mãe. E é assim que tudo acontece, na rota inarredável de nossas existências. Eles vêm, tal pequenos pássaros, mas logo evoluem e transformam-se imensas gaivotas, a sobrevoar o vasto oceano. Gibran, disse que nossos filhos, são filhos e filhas da vida, anelando-se por si própria. Somos arqueiros; e eles flechas. E que a direção que inclinemos nossos arcos, seja a melhor. Tem razão o filósofo e poeta libanês! Os chamamos de filhos. Podem ser flechas, gaivotas ou estrelas. Suas existências, segundo Goeth, independem das nossas, e seus desejos e pensamentos, vivem na casa do amanhã, onde nem em sonhos penetramos. Gaivotas ou flechas, nosso amor não se apequena, nem nossa enorme vontade de vê-los em abundância, e felizes. Aqueles que trouxeram filhos ao planeta, sabem do que falo. Falo de Drummond, ao repetir que "amor se aprende no limite". Filhos é a própria tradução do amor, que se agasta e compreende até a exaustão. Filho é a melhor das palavras, ditas a mesa, entre uma parábola e outra, e sorrisos transversais. Pequenas estórias e enormes lembranças, cujas luzes não se apagam nunca, tal uma manhã de sol, com roupas secando no varal. Filhos é se não o extrato do grande amor que nos redime e nos transforma, extraindo de nós, momentos pungentes de nossa universalidade. Amamos aos filhos e, por conta disso, amamos a tudo.