Tomás Antônio Gonzaga - Jornal Fato
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Tomás Antônio Gonzaga

Em Ouro Preto, estive na casa de Tomás Antônio Gonzaga. Jurista, poeta e inconfidente


Em Ouro Preto, estive na casa de Tomás Antônio Gonzaga. Jurista, poeta e inconfidente. Quando a adentrei o recinto e, neste momento, uma aura translúcida de antiguidade, invadiu-me a alma, noite que "alguma coisa acontecia em meu coração". No coração da arcádia, na casa do poeta, na casa de "Dirceu".

Prossegui subindo as escadarias e, sem que me apercebesse, respirava o mesmo ar que respirara o poeta, seus sonhos e amores. Alcancei os jardins. Relva curta e extensa. Longa moradia.

Um filho, percebendo meu êxtase, chama-me a atenção. Eu estava lá, há 300 anos, conspirando a libertação da colônia, da coroa portuguesa. Eu vi o céu de "Marília". Imaginei os encontros furtivos. Entendi, finalmente, toda incompreensão do amor, que um homem maduro nutria pela jovem donzela, com quem encontrou-se, até que preso, foi deportado para África.

Eu estava ali, na casa do poeta audaz e revolucionário. Que amava as coisas naturais e a natureza, bem isso arcadista. Fiquei imaginando minha ventura. Propus um jogo de estrelas. Era dia ainda. Dia para alguns. Eu vi as noites de Ouro Preto e todo benéfico conluio.

Fiz uma lépida viagem. Viagem doce, no túnel do penso. Precisavam fechar a casa. Tínhamos que sair. Lastima. Eu saí da casa e dos ideais de Tomás, mas esses, jamais sairão de mim. Tal como os versos de "Dirceu" a "Marilia". Os beijos infindáveis, e essa imensa vontade que temos, além da vida, de sermos livres!

 

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Camila

Assim que te vejo, e quando te vejo, remexo os olhos e, meus olhos não podem, nem se tentarem, carregar o pólen de cada abelha, enquanto a noite centelha, e acende a escuridão, para ver sob os postes à óleo, seus jovens olhos no jardim, de verde rubi, a sorrir para mim. 

E em cada fibra do teu corpo, não falta o puro algodão, não. Nem o ouro. Não. É feita de paraísos e essências, num oceano imenso que resplandece em brilhos nas águas, defronte a uma fonte de esmeraldas. 

E é assim que te vejo, flor contente, ajeitando as suaves pétalas, que a cada momento propaga um perfume intenso, misturado à pureza intrépida, da beleza de tuas folhas, espalhadas, imensamente 

Tu estás nos relevos dos azulejos, os mais belos, e nos livros, nos infinitos armários. Tu és viva, em todos os mares, nas altas ondas, e lugares de sol. 

É algo, sobre a maneira, que soletram os manuscritos, quando evocam teu sorriso, e definem a natureza de que és feita...leveza. 

Talvez estejas, com certeza em um grande e ditoso beijo, no arco-íris do ato, onde vives, fátua, e se deleita, e seja esse seu conceito, Camila...


Giuseppe D'Etorres Advogado

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