Pela segunda vez em Alegre, o músico André Prando se apresenta, no próximo dia 6 de abril, no primeiro Rock na Praça de 2019. Organizado pela Prefeitura de Alegre, através da Secretaria Municipal de Turismo, Cultura e Esporte, o evento celebra o início do ano letivo universitário na cidade.

Na quinta edição do projeto Rock na Praça, André Prando, que já esteve em Alegre em 2017, no Rock da Tarde, traz sua banda e aparelhagem para movimentar o centro da cidade com seu mais novo trabalho "Voador". Disco que é fruto de um financiamento coletivo que bateu 119% da meta de arrecadação, e carrega consigo uma onda mais reflexiva e imersiva.

O secretário municipal de Turismo, Cultura e Esporte, Danyel Sueth, explica a escolha do artista para o setlist da quinta edição do projeto. "É uma grande satisfação ter o André Prando no evento conosco. Hoje o André é o artista que reside no Espírito Santo que tem o trabalho autoral mais significativo do estado, recém lançou seu segundo disco que foi muito bem recebido, tanto pela crítica quanto pelo público, figurando em várias listas importantes como um dos melhores discos do ano no país. É um artista que tem uma carreira sólida e muita representativa no cenário musical, especialmente entre os estudantes, o que vem a calhar com a nossa proposta, já que esta edição do Rock na Praça é feita com os universitários da cidade, uma forma de dar-lhes boas-vindas e fazer um evento em parceria com eles, com espaço para as diversas representações culturais que existe no espaço da universidade, e o Prando, sem dúvidas, vem pra somar forças nesse sentido", salienta.

Sueth também comenta sobre a importância cultural do projeto para a cidade. "O Rock na Praça tem dois objetivos principais, que é trazer cultura, entretenimento, opções de lazer pra cidade, movimentando o mercado de artistas locais e regionais, como também fomentar o comércio local, geração de empregos, aumento de turismo na cidade. Sendo um evento itinerante, realizado nas principais praças da cidade, todos os comércios do entorno serão beneficiados, dando aos nossos lojistas e empreendedores uma excelente opção de vendas, num período tão difícil que o país atravessa", frisa.

O disco Voador de André Prando

Lançado pela Sony Music e pelo selo Novíssima Música Brasileira, o Voador de Prando contou com a produção de ninguém menos que JR Tolstoi, que já trabalhou com o músico Lenine entre outros grandes nomes da música nacional, e também Henrique Paoli.

Para quem não conhece o trabalho, o disco foi disponibilizado gratuitamente nas principais plataformas digitais e pode ser acessado a qualquer momento. Abaixo, confira uma pequena entrevista com o músico capixaba.

Prefeitura de Alegre: Segunda vez em Alegre e há uma expectativa na cidade muito grande para lhe receber. O que os alegrenses podem esperar deste show? Teremos o disco Voador do Prando?

André Prando: Podem ter certeza que por parte nossa também tá rolando grande empolgação pra voltar em Alegre pra esse show! Na primeira vez que tocamos em Alegre foi uma grande surpresa encontrar com um público da cidade familiarizado com nosso trabalho, cantando, empolgados de nos encontrar, além de descobrir que muitas pessoas de municípios vizinhos foram para nos ver também. Dessa vez estamos chegando com um show novinho, que traz o repertório do "Voador". Ouçam bastante pra se familiarizarem com essa nova viagem. Se tudo der certo, teremos uma abdução coletiva. O show traz sucessos de trabalhos anteriores também.

O projeto Rock na Praça tem com um dos seus objetivos aumentar a integração da cidade com os universitários. Qual a importância de participar desse movimento?

Saber que projetos como esse estão acontecendo nos dá esperança de que temos aliados para fomentar cultura na sociedade, que querendo ou não é carente desse tipo de incentivo. Agradeço à secretaria de cultura de Alegre pelo convite e destaco a importância do evento voltado para comunidade universitária. Meu trabalho como artista nasceu muito pela experiência de muitos shows que fiz na Ufes em minha época de estudante. Tenho certeza que muitxs universitárixs de Alegre estão chegando pela cidade em função dos estudos e ter um evento como esse para boas vindas e integração é lindo, é uma celebração e ser parte desse ritual tem tudo a ver com a proposta do nosso trabalho que, fundamentalmente, propõe pensamento crítico e boas energias.

 

Seu disco entrou para lista dos 50 melhores discos nacionais de 2018. Quando você esteve em nossa cidade, o disco ainda não havia sido lançado. O que mudou?

Na verdade todo ano são publicadas inúmeras listas de críticos de todo país destacando os principais lançamentos do ano. "Voador" foi citado por alguns jornalistas em algumas listas, já é um reconhecimento maravilhoso! Desde nossa última passagem por Alegre muita coisa mudou... o show que fizemos da última vez era um show do Estranho Sutil, um disco que circulamos por 3 anos sem parar, já era um disco muito familiarizado pelo público, um show que as pessoas cantavam do início ao fim e talz... coisa linda! O disco novo traz uma nova experiência, uma nova sonoridade, novas temáticas, nova vibe, é um show todo diferente. É bonito ver como as músicas de trabalhos anteriores dialogam com esse novo repertório também. Atualmente estamos com uma equipe maior, contando com nosso próprio técnico de som, luz, produção, figurino... é um show mais complexo e cuidadoso.

 

Há uma aura psicodélica e experimentativa neste seu novo trabalho. Como foi produzir algo tão singular e plural ao mesmo tempo?

O álbum explora elementos novos em relação aos meus trabalhos anteriores: percussões, sintetizadores, sitar, cello, acordeon, além dos instrumentos já utilizados pela banda. Sinto que é um álbum mais plural, sinto que estou mais maduro - não melhor - mais maduro, apenas. O pilar é rock experimental, mas tem características muitos fortes da música popular brasileira, tamo flertando com o estilo canções-pop-psicodélicas em letras reflexivas e discussões existenciais que refletem nosso tempo, nossos antepassados e nossas utopias. Considero uma sonoridade complexa, a proposta é uma longa viagem pra careta e pra maluco. Falando assim parece algo muito específico ou até "alternativão" demais, mas eu vejo que as composições dialogam ainda mais com um público mais abrangente.

 

Na faixa "Eu Vi Num transe" você contrapõe a atual situação política que o País atravessa. No seu 'transe' você nos mostra um cenário mais leve e de otimismo. Como você enxerga esta mudança, qual a sua visão para as mudanças que o País realmente precisa?

"Eu vi num transe" é uma das músicas mais poderosas do Voador! Um delírio utópico que prega um sonho de mudança, uma valorização extrema da arte, da cultura, do amor e da nossa própria voz. Desde que ouvi ela pela primeira vez fiquei em choque, a considero um canto atemporal de resistência! Ela não é composição minha. O disco tem 12 faixas, 10 são autorias minhas e 2 são de autoria do amigo Santiago Emanuel: o hino "Salve seu broder" e "Eu vi num transe". Pelo que ele me contou, ela foi inspirada na leitura do livro "Esta vida puta", biografia de Fela Kuti.

Considero o momento em que vivemos no Brasil e no mundo um assustador devaneio universal contra os direitos humanos. Não podemos viver sem utopias, acredito que é preciso sonhar, é preciso permitir um transe e ouvir o que a mente tem a nos dizer e, com isso, poderemos acreditar e lutar por um país e um mundo que poderá contornar a era do ódio, da confusa relativação da verdade... é uma música que nos inspira a dar chance à paz (de novo). A rotina do brasileiro atualmente é, acordar, se aprontar pro dia, ler o noticiário e se deparar com uma notícia caótica e desastrosa envolvendo a política nacional... tá assim, todo dia. Acredito que se músicas como essa inspirarem as pessoas minimamente a tomarem as rédeas da vida e quererem o bem da sociedade comum, sinto que estarei contribuindo com o melhor que tenho a oferecer.

 

Serviço: Rock na Praça

Local: Praça da Maçonaria

Data: 06/04

Horário: A partir das 19h00