Falta de fiscalização em transportes clandestinos gera reclamação - Jornal Fato
Economia

Falta de fiscalização em transportes clandestinos gera reclamação

Motoristas de aplicativo estão revoltados devido à falta de fiscalização com os transportes clandestinos em Cachoeiro


Os taxistas Luiz Carlos Gomes Greggio e Renato Lambranho Silva - Foto: Dayane Hemerly

Motoristas de aplicativo estão revoltados devido à falta de fiscalização com os transportes clandestinos em Cachoeiro. Os motoristas que não estão cadastrados em nenhum aplicativo oferecem corrida para passageiros em pontos de ônibus, portas de hospitais e rodoviária. Para ser um colaborador de empresas de aplicativos de transportes ou exercer uma atividade remunerada com o seu veículo, o interessado deve incluir a observação de Exerce Atividade Remunerada (EAR) na Carteira Nacional de Habilitação (CNH).

Um motorista que trabalha no aplicativo há 10 meses e já tinha feito, até terça-feira (12) 1.157 corridas, reclama que os donos dos transportes clandestinos não sofrem tanta fiscalização quanto eles que trabalham corretamente cadastrados em aplicativos.

"Já fui parado diversas vezes pela fiscalização próximo a rodoviária e uma vez perto do supermercado Casagrande e eles pedem para mostrar o perfil de cadastro no aplicativo e eu não vejo isso acontecendo com os motoristas dos transportes clandestinos", afirma.

Ele conta também que várias vezes os motoristas brigaram entre si e as notícias que foram publicadas nas redes sociais diziam que foram os motoristas do Uber que brigaram. Segundo ele, isso acaba afetando o trabalho que eles fazem com seriedade e segurança.

"Isso só cabe a fiscalização definir algum tipo de punição", complementa.

Os taxistas de Cachoeiro de Itapemirim, representados pelo presidente da Associação dos Taxistas do Sul do Estado (Assotaxi), Luiz Carlos Gomes Greggio, pedem à prefeitura do município uma maior fiscalização dos carros particulares, que trabalham com transporte clandestino no município.

Greggio comenta que nos últimos anos houve um aumento significativo e preocupante de transportes clandestinos. "Eles agem despreocupados, chamam os clientes, falam que são Uber, mas não trabalham com aplicativo. Eles ficam parados na frente do Casagrande, dos hospitais, na Rodoviária. E, além de nos atrapalhar, atrapalham também a empresa de ônibus, pois eles ficam nos pontos abordando passageiros", comenta.

Além do serviço clandestino desvalorizar o trabalho de táxi, o presidente da Assotaxi aborda outra questão que, para ele, é perigosa. "Quando você chama um carro pelo aplicativo, você tem o nome do motorista, informações sobre o carro, classificação do serviço. Agora, quando você toma um carro clandestino, você não tem informação de nada. Não sabe quem é a pessoa. O passageiro corre um risco enorme de ser vítima de um crime. Nós vemos carros da Bahia, Manaus, Duque de Caxias, e muitos outros lugares do Brasil todo, mas quem são essas pessoas?"

Greggio deixa claro que o problema não são os motoristas de aplicativos, como Uber e 99, mas os que trabalham fora deles. "Não temos nada contra quem trabalha com aplicativo. Nada disso, a questão são os veículos que agem de forma clandestina. Nós queremos fiscalização forte em cima deles".

Ele falou também sobre a regulamentação dos aplicativos no município. Disse que a prefeitura precisa dar uma resposta sobre isso. "Nós precisamos de alvará, antecedente criminal, pagar taxa de imposto para a administração pública, enquanto os outros não são legalizados. Não temos nada contra esses trabalhadores, mas alguma resposta precisa ser dada".

Greggio ressaltou que já participou de diversas reuniões com a prefeitura, no entanto nenhuma providência foi tomada.

Na última semana, de acordo com informação de um leitor do jornal ES de Fato, os motoristas clandestinos brigaram entre eles por causa de passageiros. A pessoa, que pediu para não ser identificada, mencionou que o episódio aconteceu na porta do Hospital Infantil e que esse tipo de coisa, é vista com frequência em várias partes da cidade.

 

O que diz a Prefeitura

Por meio de nota,  a Secretaria de Desenvolvimento Urbano, de Cachoeiro de Itapemirim, informou que em razão da legislação federal que regulamentou a atividade, o transporte por aplicativo pode ser prestado nos municípios que ainda não instituíram uma regulamentação específica, que será implementada a fim de que o novo serviço possa representar uma opção à população e, não um obstáculo à prestação do serviço de táxi.

Com relação a fiscalização do transporte clandestino, a secretaria esclarece que foi realizada uma reunião prévia com representantes da Ceturb-ES (Companhia Estadual de Transportes Coletivos de Passageiros do Estado do Espírito Santo), com vistas a implementação de uma rotina de fiscalização conjunta para coibir tal prática e também de conscientização da população quanto aos riscos de utilização desse tipo de serviço e que também contará com a participação dos agentes municipais de trânsito e da polícia militar.

A prefeitura de Cachoeiro está em contato com a Ceturb-ES a fim de concluir os procedimentos necessários a efetivação dessa ação de fiscalização conjunta em caráter de urgência.

De acordo com a secretaria, a fiscalização de transportes vem realizando ações específicas voltadas a coibir a prática do transporte clandestino. Contudo, a postura daqueles que fazem uso do transporte clandestino acabam dificultando e até mesmo, impossibilitando a punição dos infratores.

A secretaria se coloca à disposição dos permissionários taxistas, assim como de qualquer interessado, através da Fiscalização de Transportes e da Ouvidoria Municipal, para apresentação de denúncias e solicitações de fiscalização, por meio do telefone 156.

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