Cachoeiro, 151 anos de destaque - Jornal Fato
Emancipação

Cachoeiro, 151 anos de destaque

Rio e ferrovia marcam história do desenvolvimento de povoado erguido em vale a poucas dezenas de quilômetros do litoral


A locomotiva Bayer Garrat deixando Cachoeiro em seu primeiro teste de cargas, em 26 de março de 1930

O povoamento ocorreu em um ponto do vale a poucas dezenas de quilômetros de distância do litoral, às margens do principal recurso natural da região, que forma bacia hidrográfica com mais de seis mil quilômetros quadrados.

O Rio Itapemirim, que inspirou o seu nome, foi crucial para o surgimento do vilarejo, que posteriormente perceberia ascensão econômica, social e cultural sem precedentes no Espírito Santo, até então.  

O porto de Itapemirim, no encontro do rio com o Oceano Atlântico, foi o mais movimentado do Estado até o início do século passado. A maior parte da principal riqueza econômica no período, o café, era produzida no Sul capixaba, lembrou o historiador Luciano Retore Moreno.

Cachoeiro tornou-se importante entroncamento ferroviário. A cidade chegou a ter 14 trens diários de passageiros, além dos cargueiros, na primeira metade do século XX, segundo o pesquisador Paulo Henrique Thiengo.  

Toda a produção exportada ou importada por parte de Minas Gerais e o restante do Espírito Santo passava pelo município sulino. O que significou uma das molas propulsoras do desenvolvimento da cidade. 

 

Data

 

Cachoeiro de Itapemirim comemora neste domingo 151 anos de emancipação política. A instalação da Câmara Municipal ocorreu em 1867.

Seu perímetro territorial no passado era expressivo. Abrangia os atuais municípios de Vargem Alta, Rio Novo do Sul, Castelo, Alegre, Guaçuí,

Atílio Vivácqua, Muqui, e se estendia até a região do Itabapoana, alcançando Rio Pardo (Iúna), São José do Calçado, além de outras localidades.  

A data da emancipação não foi escolhida por acaso. Era o aniversário da primeira e única Constituição do Brasil Império, que fora outorgada por D. Pedro I em 25 de março de 1824.

 

Pioneirismo

 

Durante o ciclo da cana-de-açúcar, Cachoeiro, apontam historiadores, era um povoado perdido às margens do Rio Itapemirim, em uma região no qual o seu percurso é muito encachoeirado (daí o nome). O princípio da transformação se dá a partir de meados do século XIX. 

Em 1864, Cachoeiro deixa de pertencer a Itapemirim. Mesmo a cidade sendo independente economicamente, ainda não estava garantida totalmente a sua emancipação política. Ela só acontece quando fazendeiros se mobilizam e decidem alugar uma casa situada na via onde é hoje a Rua 25 de Março. Finalmente, em 1867, a Câmara Municipal é instalada e Cachoeiro, emancipada. 

Sua evolução econômica aconteceu ao longo do ciclo do café, sobretudo com a construção da ferrovia (Leopoldina Highway) para escoar a grande produção (de todo o Estado a maior) do próprio município e das cidades vizinhas. 
Cachoeiro, apesar de não ser a capital, foi pioneira no Espírito Santo em vários aspectos. Por exemplo, teve acesso por ferrovia ao Rio de Janeiro, então capital brasileira, antes mesmo de Vitória. E também à luz elétrica.  

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