A cidade que é cantada pelo Brasil... mas em grande estilo: pela poética do genial compositor Raul Sampaio Cocco eternizada na voz de Roberto Carlos.
O mês de junho costuma pôr em evidência o verdadeiro tesouro em forma de capital humano e as belezas naturais de Cachoeiro de Itapemirim, cidade famosa por ser berço de músicos, escritores, poetas e de muitos outros talentos em diversas áreas do conhecimento humano.
Quiçá um caso do tipo único no mundo, Cachoeiro envolve toda uma mítica que desperta paixão eterna em muitos conterrâneos.
Celebrada por seus renomados artistas em expressivas músicas, versos e telas, não há cachoeirense que não se emocione, ou não se orgulhe, ao mencionar a terra natal, ou ao contemplar um de seus poéticos cartões-postais, como a pedra do Itabira, o Frade e a Freira, o Rio Itapemirim...
Eis a ?capital secreta do mundo", título que teria sido criado por ninguém menos do que Vinícius de Moraes para ironizar a cidade natal do ilustre amigo Rubem Braga, que o propagou em suas crônicas, reforçando a aura mítica em torno da ?pequena? Cachoeiro de Itapemirim.
Meu pequeno Cachoeiro
Eu passo a vida recordando De tudo quanto aí deixei Cachoeiro, Cachoeiro vim pro Rio de Janeiro Pra voltar e não voltei Mas te confesso na saudade As dores que arranjei pra mim Pois todo o pranto destas mágoas Ainda irei juntar às águas do teu Itapemirim
Meu pequeno Cachoeiro vivo só pensando em ti Ai que saudade dessas terras entre as serras Doce terra onde eu nasci Meu pequeno Cachoeiro vivo só pensando em ti Ai que saudade dessas terras entre as serras Doce terra onde eu nasci
Recordo a casa onde eu morava O muro alto, o laranjal Meu flamboaiã na primavera Que bonito que ele era Dando sombra no quintal A minha escola, a minha rua Os meus primeiros madrigais Ai, como o pensamento voa Ao lembrar a terra boa Coisas que não voltam mais
Meu pequeno Cachoeiro vivo só pensando em ti Ai que saudade dessas terras entre as serras Doce terra onde eu nasci Meu pequeno Cachoeiro vivo só pensando em ti Ai que saudade dessas terras entre as serras Doce terra onde eu nasci
Raul Sampaio Cocco
O céu de Cachoeiro
O céu, o céu de Cachoeiro Deus fez o mundo inteiro E me fez nascer a aqui
Ele viu Rubem Braga compondo O rei menino a brincar Viu Sérgio Sampaio cantando O Itabira pra cima apontar Como se estivesse dizendo Faço das rochas poesia brotar Aqui deus lapida poetas Aqui podemos sonhar Quem beber dessa água jamais esquecerá
O céu, o céu de Cachoeiro Deus fez o mundo inteiro E me fez nascer aqui, me fez nascer aqui
Viu as lavadeiras na beira do rio A chegada das embarcações Viu o trem indo embora com o seu trilho Nossas pedras enfeitar outras nações Viu, viu a fábrica de pios A única na américa latina Viu Itapemirim lançar desafios O progresso aqui não termina
Águas do meu Itapemirim Que forte corre a cantar Trazendo rimas e versos De um povo que acorda a sonhar E muito feliz eu confesso Sou de onde transpira calor Capital secreta das artes Capital secreta do amor
Hoje agradeço senhor Por nascer, me inspirar e compor Por ela poder estar cantando Sobre as terras do Espírito Santo
O céu colorido de azul O céu da Princesinha do Sul
Duda Felippe / Paty Cunha
Cachoeiro de Itapemirim
Prisioneira feliz mas condenada
por leis irredutíveis e absolutas
a viveres assim encarcerada
nesta cadeia de montanhas brutas.
Mas que importa se é esplêndida a morada!
Pois daqui tudo vês e tudo escutas;
E o Itabira te guarda e te vigia,
como se fosse eterna sentinela
- carcereiro que vela noite e dia.
Tudo, afinal, te rende um justo preito,
Enquanto um claro rio tagarela
Rola, cantando, dentro de teu peito.
Benjamim Silva
O Frade e a Freira
Na atitude piedosa de quem reza E como que num hábito embuçado, Pôs naquele recanto a natureza A figura de um frade recurvado. E sob um negro manto de tristeza Vê-se uma freira tímida a seu lado, Que vive ali rezando, com certeza, Uma oração de amor e de pecado... Diz a lenda - uma lenda que espalharam - Que aqui, dentre os antigos habitantes, Houve um frade e uma freira que se amaram... Mas que Deus os perdoou lá do infinito, E eternizou o amor dos dois amantes Nessas duas montanhas de granito!
Benjamim Silva
por Marcos Leão