Após missão, médica fala da importância de uma vida simples - Jornal Fato
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Após missão, médica fala da importância de uma vida simples

Foram 17 dias na missão Laguna Negra, no Amazonas. Tempo suficiente para que Isabella passasse a enxergar a vida com outros olhos


Foto: Divulgação

A médica cachoeirense, da família e do trabalho, Isabella Louzada, de 32 anos, cumpriu sua missão no Amazonas e, apesar da exaustão de 17 dias intensos de trabalho com comunidades ribeirinhas, ela retorna para casa com uma bagagem a mais de uma experiência completamente diferente da realidade de origem.

Ao jornal ES de Fato, ela contou como foram os dias de trabalho puxado, e, na maioria deles, sem contato com qualquer pessoa que não fosse da região.

Católica, Isabella sempre teve vontade de realizar um trabalho voluntário como a missão Laguna Negra, no município de Lábrea, e menciona que tentou envolver a igreja em 2017, sem sucesso. "Em 2019 surgiu a chance de ir para o Amazonas. Conversei com outra médica que já havia ido e ela me apoiou muito. Então, agarrei essa oportunidade, apesar de todas as adversidades que encontrei pelo caminho".

Além de obter experiência profissional, o mais importante para a médica foi sair de lá com um crescimento e conhecimento pessoal maior do que havia chegado.

"A população é muito simples, muito humilde, então pude aprender como é viver na simplicidade, até mesmo sem nada daquilo que estava acostumada", comenta.

 

Viagem               

Isabella saiu de Cachoeiro de Itapemirim no dia 7 de junho para Vitória, onde pegou um voo para Brasília, de onde seguiu para Rio Branco. De lá partiu para Boca do Acre e, devido às chuvas, só conseguiu chegar no Amazonas no dia 9.

"Chegando lá só deu tempo de guardar as coisas, porque logo iniciamos os atendimentos. Foram cerca de 100 pessoas atendidas só naquela tarde. À noite teve missa com o bispo local, que nos acompanhou quase toda a viagem", relata.

Ela conta que a missão, além de levar saúde aos moradores com atendimentos médicos e odontológicos, é também evangelizar.

"A maioria das pessoas não estavam doentes, eram consultas de rotina. E as doenças que mais predomina na região é a verminose, micose, dores lombares, filária e cefaleia. Realizamos também diversos exames. E todos os dias havia missa, fazíamos orações. Tinham padres e missionários envolvidos no projeto".

 

Cultura

A região de Lábrea tem cerca de 44 mil habitantes, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e está situado entre dois grandes rios, Purus e Madeira, e duas importantes áreas culturais indígenas. O processo de colonização e a característica se encontra entre três estados brasileiros (Acre, Amazonas e Rondônia) com histórias distintas e forte influência da colonização boliviana, o que explica sua rica diversidade cultural.

"A cultura lá é muito diferente. Eles vivem em torno dos rios. Todo o transporte é realizado de barco, não tem carro, moto, estrada. As casas são de madeira, muito simples, praticamente não tem televisão, geladeira ou telefone. Eles comem geralmente farinha, peixe, feijão e é raro ter uma verdura, frutas...", comenta a médica.

 

Dificuldades

Para Isabella, o que mais dificultou o trabalho foi a falta de comunicação. Durante os dias que ficou no Amazonas, o jeito de se comunicar com os familiares era por meio de um orelhão. Além disso, ela menciona os mosquitos.

"Lá tinha mosquitos de todos os tipos. Usávamos calça comprida o tempo todo, blusa de manga comprida, e mesmo assim os insetos nos picavam. Até tinha televisão dentro do barco, mas devido a isso, era muito difícil ficar vendo, além do sinal lá não funcionar muito bem", explica.

 

Lado bom

Tudo na vida tem o seu lado bom, e, para Isabella, a viagem lhe proporcionou muitas coisas boas. Durante os dias, ela diz que, apesar do trabalho intenso, dormia cedo e conseguia descansar bem.

"Também conversava bastante com as pessoas lá e jogava um baralhinho.Então, foi bem legal esses momentos e voltaria, sim, para mais uma missão como essa", afirma, dizendo que também deseja ser voluntária em outros lugares, como a África, por exemplo, e conhecer outras realidades.

De Cachoeiro, só ela embarcou para a missão, mas no estado do Espírito Santo também participaram duas enfermeiras e uma dentista.

"Foi muito gratificante estar lá. Nessas situações, aprendemos a não nos queixar do que temos, não reclamar, viver com pouco e ter uma vida simples", finaliza.

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